Quero a minha cidade de volta!

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Quero a minha cidade de volta!
Depois de tanta Copa, de tanta festa – que foi bonita, não há como negar! – gostaria de ter algumas semanas para encontrar as mesmas pessoas nos mesmos lugares, dar bom dia à vizinhança, ter de novo alguns pequenos luxos como pão quente na padaria do bairro, coisa que de vez em quando faz falta. Seria muito bom acordar de manhã sem precisar recorrer à internet para saber o que abre, o que fecha, a que horas, por onde circular, onde evitar o engarrafamento. Viver no Rio como ele é, depois da despedida dos moradores provisórios.
Sabemos ser hospitaleiros, apesar de todos os problemas, e essa vocação de receber bem já foi devidamente celebrada. Mas não temos muito tempo para curtir cariocamente a cidade: o povo do Leblon e de Ipanema, que convive com a expansão do metrô, não me deixa mentir. Ainda tem muita obra pela frente e as Olimpíadas estão logo ali.
Gosto de ver a cidade cheia de turistas, com todo tipo de pessoa, ouvir diferentes idiomas e todo o tipo de sotaque dizendo “obrigado”, depois de receber uma informação. Mas tenho a impressão que preciso de um pouquinho de silêncio – e emprego de propósito o diminutivo que os cariocas tanto gostam. Sinto falta de alguma tranquilidade nas ruas, de poder andar e observar sozinho as partes legais e aquelas nem tão legais da cidade. Discernir um pouco mais do chiado do sotaque, encontrar taxis livres e ver menos vitrines enfeitadas de verde e amarelo. Uma temporada para que o carioca desfrutasse da sua própria cidade. Temos o direito de ser egoísta por algum tempo e depois abrir as portas para todo mundo, a qualquer hora. Encontrar refúgio em nossa própria casa mesmo sabendo que ela está sempre ao alcance de visitantes novos ou frequentes, sempre bem-vindos.
Não sei se é um sentimento geral ou se é só meu. Mas desejo que tudo se acalme nas próximas semanas e possamos curtir a paisagem sem precisar tirar fotos para os outros. Que ela seja só nossa mesmo que por um breve período. Quero de volta a movimentação normal, crianças na escola, metrô lotado no horário de pico, as ruas paradas na hora de sempre, as mesmas reclamações cotidianas contra tudo, as senhoras indo para a missa às seis da tarde e cachorros sem bandanas ou roupinhas de torcedor.
Será que estou ficando ranzinza ou envelhecendo? Acho que as duas coisas acontecem ao mesmo tempo, o que é uma combinação nociva à sociedade. Mas enquanto isso não é detectado e sou condenado ao isolamento, sonho em ter para mim um pouco mais do Rio de novo.

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