Vidas unidas, sonhos separados

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Com uma razoável distância do meu último relacionamento, ando me perguntando se já vivi a experiência de formar um casal em algum momento. Não consegui resposta única. No fundo, acredito  que isso nunca aconteceu por muitos motivos. Sempre divido as possíveis culpas, nem tanto ao mar, nem tanto a terra.

Para fazer um exame correto, o ideal é não embarcar nos clichês de companheirismo, cumplicidade, sintonia, ou fórmulas repetidas em todo o lugar, como se fosse simples a vida a dois. Namorar é admirar, é conhecer, é aprender a gostar. Nesse momento, quando ninguém se importa ainda em ser um casal, é hora de criar sonhos, imaginar caminhos e perceber se alguns serão percorridos a dois.

Tentei com frequência, em gestos ou conversas, saber se a namorada seria alguém que teria vontade de permanecer independente e, ao mesmo tempo, se permitiria depender em certos momentos. É confuso mesmo. Por vezes imaginei ter encontrado a resposta. Estava enganado. Então me enganei por completo. Casal não precisa de papel, de coisas chamadas de “padrão” ou “normais”. Precisa também do empenho de querer acertar. Mas não basta a simples vontade para evitar que os desajustes apareçam.

Estar de acordo ou colocar-se em harmonia são significados da palavra “casar”, logo o casal precisa e deve estar em acordo harmonioso na maior parte do tempo. De preferência quando estiver junto.

O que passou a ser denominado de DR (discutir a relação) não deveria ser vulgarizado a ponto de se debater se será servido mate ou água na hora do almoço, posto que, se existe acordo, o relacionamento carece de discussões desse tipo.

Cada um sempre há de ter sua própria vida, trabalho, segredos e sonhos. Compartilhá-los é um exercício diário que deve ser feito à medida que as relações passem a ser tão harmoniosas que as discordâncias sejam observadas e apreciadas como forma de preservação de identidades e características.

O que digo é uma opinião, jamais uma receita; é uma espécie de desejo antigo que com o tempo perdeu parte do sentido.

Todo mundo sente necessidade de ter momentos de solidão para pensar. Respeitar essa necessidade é característica de um casal. É isso que reputo como a melhor forma de convivência entre pessoas que realmente se sentem seguras de si e entre si.

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O costume, a falta de novos questionamentos, a preguiça em viver, em ler algo que mexa com as emoções geram um envelhecimento precoce, em que as comunicações se limitam a temas como receitas e bulas de remédios e horários de alimentação e sono. Uma das maiores contribuições da tecnologia aos casais foi a possibilidade de permanecer em viagens, até solitárias, por telas de computador, a fim de animar novos voos ou a expectativa deles. Não concretizá-los faz parte do mundo real, mas alimentar-se de sonhos e planos aumenta a capacidade de manter sua individualidade na companhia de alguém.

Para mim, frases românticas, como “quero envelhecer ao seu lado”, passaram a soar tristes demais. “Quero continuar a ser eu mesma ao seu lado, assim como admirarei você ser sempre o que foi” é a declaração mais honesta e desapegada que uma pessoa que realmente ama pode dizer.

Ser um casal é manter a interseção dos conjuntos do mesmo tamanho que as partes individuais sem que isso seja um fardo e sim uma alegria por ver o outro feliz.

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Sem comentários

  • Marcia Sobotyk disse:

    bel texto, Mauro. E u parto do seguinte princípio: 1º descubro os defeitos, e isso me encanta, depois veja as qualidades. Essas são mais fáceis, as primeiras que observamos e adoramos. Eu inverti as prioridades e deu muito certo.

    • maurogiorgi01 disse:

      Obrigado Marcia. Sem dúvida amar é conhecer, respeitar e gostar dos defeitos, porque das qualidades, todos gostam. Que bom que é feliz, fico da mesma forma.

  • maurogiorgi01 disse:

    Caro amigo, não fui eu quem pediu a separação. E quando um não quer dois não brigam. Obrigado sempre.

  • Judemberg disse:

    Belo texto, mas senti um pouco de arrependimento por ter se separado.
    Bola pra frente, pois a outra metade da laranja está bem perto, é só querer observar.

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