De cabeça para baixo

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Por Juliana Dominguez*

No princípio era trevas. Então, Deus criou o homem, a mulher e a vontade de virar de cabeça pra baixo.

POSTURAS INVERTIDAS, ESSAS DESCONHECIDAS

Quanto mais aulas de Yoga eu dou, mais certeza tenho de que as três perguntas que assombram a humanidade são “de onde viemos?”, “pra onde vamos?” e “como eu faço uma parada de mãos?”. Quanto às duas primeiras, não faço ideia da resposta, mas tenho muito pra contar sobre essa jornada rumo ao emocionante mundo das posturas invertidas.

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE

A primeira vez que fiquei de cabeça pra baixo foi em uma aula de circo. Tive um ataque de riso descontrolado que até hoje atribuo a uma mistura de hiperoxigenação do cérebro com um nervoso absurdo mesmo. Seja como for, é inegável que virar de ponta cabeça é muito divertido, seja na Yoga, no circo, na capoeira… Mas há um detalhe crucial que costuma passar batido: será que o divertido é ficar parado numa invertida ou a graça está justamente na enorme chance de despencar dela?

VIM, VI E CAÍ

Quando fazemos uma invertida e, por técnica ou milagre, conseguimos ficar uns 3 segundos lá sozinhos sem ninguém segurar, depois do choque vem a sensação de “AI, MEU DEUS” – e aí a gente cai. É assim sempre, acredite. Você então vai morrer de rir de como foi desafiador montar a postura e como foi emocionante cair dela (e sobreviver). É lógico que você vai comemorar os 3 segundos de algo que estava tentando fazer e conseguiu, mas meu ponto aqui é o seguinte: nada de mágico acontece quando você chega lá. As contas continuam chegando, tem que buscar a criança na escola e dar comida pros gatos, a vida segue igual. Não há iluminação de cabeça pra baixo, mas sim no processo de subida e queda. Eu sei, baita mundo injusto, mas é assim que é.

O CAMINHO É O DESTINO

Se alguém te disser que fazer uma invertida é muito fácil, desconfie. Mas também duvide se disserem que é impossível. Comece deixando de ver as milhões de tentativas como falhas. O que conta é sempre o processo. Melhor que ficar em uma parada de mãos é cair muito dela e dar gargalhada sempre. Existem algumas invertidas que faço com muita facilidade. Outras ainda não, porque ainda não aprendi a cair delas com graça. Aí eu fico com mais medo do que tenho ataques de riso. Não que o medo seja ruim. Medo é bom na dose certa. Mas pra essas posturas que me assustam, eu só aprendi a curtir metade do caminho: o de subida. Falta aprender a curtir a queda, e esse aprendizado é especialmente valioso pra prática e pra todos os outros aspectos da vida.

TÁ, ENTÃO EU QUERO APRENDER. COMO FAÇO?

Comece correndo de quem te disser que você vai aprender bem rápido, porque vai demorar e dar trabalho. Então relaxe. Encontre um professor de confiança e se prepare pra repetir incontáveis os exercícios que ele passar. Pratique, pratique, pratique. Acostume-se a cair. O vídeo abaixo fala por si – grande parte das aulas é justamente cair e levantar pra cair mais (e não é bem isso que te conta o Instagram, esse grande pregador de peças). Por mais que o objetivo final seja conseguir se equilibrar sozinho, não dê tanta importância a ele. Pense no que você aprende nas milhões de tentativas, em cada queda desengonçada. E ria muito de todas elas. Se joga (literalmente!), que quando notar, já estará lá.

*Juliana Dominguez é instrutora de yoga, tem um imenso senso de humor e, na internet, pode ser encontrada na sua página YOGAJOY e também na fã page do FACEBOOK.

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