De mãos dadas

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Mãos dadas

Era fácil perceber que alguma coisa havia mudado nele. O sorriso permanente no rosto fazia lembrar uma expressão antiga: ele parecia ter visto o passarinho verde. Andava mais leve, sem fixar o olhar para o chão. Gostava mais dos dias de sol, mas não desprezava os nublados ou os de chuva, e principalmente sorria como não fazia havia muito tempo.

Quem o conhecia recentemente estranhou menos, mas os amigos mais antigos, aqueles que o viram atravessar sozinho caminhos difíceis, ficaram assustados mas contentes. Afinal, não importava o que estivesse acontecendo. Os sinais de felicidade eram nítidos.

Como o histórico de alguma melancolia era sabido por todos, ninguém se atrevia a perguntar o que havia mudado. Ele apenas sorria e aquilo chegava a ser contagiante. Talvez até parecesse bobo, mas ele pouco se importava. Havia se desfeito de um peso que nem conseguia dizer se era seu ou não.

O tempo passava mais rápido, as coisas continuavam iguais, os problemas não desapareciam, mas ficavam do tamanho devido e a solução deles, bem, essa seria alcançada. O mais importante era que não havia fantasia, só uma felicidade que ele não conhecia.

Ele pensava nas mudanças ocorridas. Sabia que não era apenas a presença dela desde o último sábado. Afinal, cinco dias era muito pouco para transformar as coisas dentro dele do preto para o branco.

Ele estava pronto para essa virada havia algum tempo, mas faltava alguém para acender a luz. Torcera para que fosse ela, mas nunca conseguiu chamar sua atenção o suficiente, apesar dela estar sempre ali por perto.

Ria das coincidências e lembrava que ela sempre dizia que elas não existiam. Lembrava-se de várias conversas, tardes e noites de conversas como “amigo”, e dos quase beijos de despedida em frente a casa dela, o quebra-cabeças montado o levou a se apaixonar por aquela moça.

Naquela noite, mais uma entre as várias que ficaram conversando até tarde não havia nada de especial, até que na hora de ir embora aquele sorriso de sempre o atraiu definitivamente e o fez arriscar um movimento sem volta, o beijo que poderia começar algo ou criar um mal-entendido e terminar a amizade.

Como se fosse algo esperado, o beijo foi calmo, importante e levou os dois para longe de onde estavam. As bocas se separaram, os olhares se cruzaram rapidamente e novo encontro dos lábios. Seriam amigos para sempre, mas tinham descoberto que se gostavam como homem e mulher.

Ele foi embora sem saber como seria o dia seguinte, como começaria a falar quando a encontrasse, sem querer ter interrompido aqueles beijos. Tinha esquecido a sensação de como era o primeiro beijo, procurava entender como tinha decidido tentar beijá-la, e percebeu que o sorriso transbordava do rosto e espalhava-se por todo seu corpo.

O caminho curto até a sua casa foi rápido e gostoso. Ele não sabia o que mais ia querer quando a encontrasse de novo.

Quando deitou na cama, ficou certo de que não dormiria. Então, teve a imagem clara do que mais queria: andar de mãos dadas. Simples assim…

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