Sou um apaixonado por esportes. Do tipo que vê Olimpíadas de Inverno e torce em provas de curling. Isso vem de berço, de meus avós paternos e maternos, e também dos meus pais que sempre gostaram de esporte. Mas é claro que um tem uma preferência, e qual não seria a minha senão o futebol. E junto com o futebol, veio o amor ao Tricolor das Laranjeiras, que outro dia explico como surgiu e foi cultivado. Mas vamos ao jogo.
Meu avô materno, Oscar, foi jogador amador do time do Fluminense e incentivava seu afilhado e neto a chutar a bola desde pequeno, pois meu irmão não demonstrava grande interesse. Todos os dias quando eu chegava do colégio, ele me perguntava quantos gols eu havia feito e, é claro, meus números eram estapafúrdios. Ele vibrava sorridente.
No São Bento, jogava com chapinha de refrigerante até ela perder a tinta, depois com bola de meia, com papel e durex por dentro. Uma pergunta: por que será que não nos deixavam jogar com uma bola de verdade?
Era futebol 24 horas ao dia. Eu contava ainda com o apoio de meu pai, que apesar de não ser nenhum craque, tinha um belo chute de canhota e insistia para que eu chutasse com as duas pernas. Aprendi a ler o jornal pela seção de esportes e depois, adolescente, vivia com o Jornal dos Sports na mochila do colégio, aquele com as páginas em cor-de-rosa. E as manchetes que apareciam nas segundas-feiras! Elas valiam enormes discussões no colégio.
Nunca fui um craque, era mediano o suficiente para jogar junto a alguns dos bons, e olhem que na minha época de São Bento tive colegas que eram talentosos de verdade. E um deles, o Paulinho, a quem reencontrei agora, depois de 35 anos, continua entendendo tudo, mas sem praticar.
Na Urca, as disputas aconteciam na rua, entre os carros na Octavio Correa ou até na ladeira da Av. São Sebastião, acreditem se quiser. E no bairro conheci também alguns jogadores extraordinários como o Lalo, que infelizmente já faleceu; o Jorge, hoje cuidando da qualidade das águas das praias — estava mais feliz com a bola –, e ainda um grande amigo que perdi há dois anos, o Beto Dick!
Durante anos nossa turma jogava todos os sábados, a tarde inteira, e nós ainda tínhamos fôlego para a noite com as namoradas. Como era bom ter vinte e poucos anos…
E o Maracanã? Não me restringia a ele. Nos tempos da Máquina Tricolor, entre 1975 e 1976, fomos a Italo Del Cima, Moça Bonita, Rua Bariri, Caio Martins, São Januário, entre outros estádios, sempre com muitas risadas e comemorações. Acabava invariavelmente perdendo a voz. Depois que mudei para São Paulo, passei a frequentar o Morumbi com amigos são-paulinos e, é claro, torcia pelo coirmão paulista, mas nunca foi a mesma coisa.
E minha carreira futebolística quase foi interrompida por um garoto que acreditava que disputava a final da Copa do Mundo em um domingo de manhã no clube, e que pegou de jeito meu joelho. Voltei depois de uma cirurgia para corrigir o menisco. Mas voltei para a corrida e para assistir a jogos, não mais para entrar em campo.
Minha filha mais velha nunca foi muito fã de futebol, mas via todos os demais esportes comigo. Aí veio a caçula, jogadora inveterada, torcedora fanática do São Paulo e lá íamos nós para o Morumbi torcer. Percebi o quanto um bom jogo me fazia botar para fora o estresse da semana. Xingar o juiz sem motivo, cantar as músicas sacaneando os adversários, ter a certeza de que não perderia aquele gol e de que seria capaz de tirar aquela bola, eu percebia o quanto isso me fazia bem, ainda mais na companhia das minhas filhas. Entendi porque meu pai gostava de ver futebol comigo. É uma emoção diferente.
Bem, o Maracanã está novo e parece bonito. Preciso voltar lá e gritar um pouco. Não será a mesma coisa, mas tudo evolui. Com certeza, deve estar mais confortável.
Quando eu for e, como sempre, voltar sem voz, conto aqui como foi.
Santista roxa!!! 🙂
Apesar de adorar o clima ‘mágico’ dos estádios…fui raras vezes.
Um dos arrependimentos q tenho na vida,diga-se.
Tres Filhos Homens e atletas… então futebol faz parte.
o do meio chegou até a jogar futebol no Uruguai.
Só conheço a Vila e o Morumbi( uma decisão em que o Santos foi campeão)
Nossaaaa! Inesquecível, das maiores emoções da minha vida!
Futebol está no sangue…
*adorei o post…
leve,parece conversar!
Obrigado. Sou dos que fica de mau humor, mas sem ninguém saber, afinal tenho que ter um certo controle.