Tudo em gotas 15

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Gotas 15 II

O governo reviu para cima a expectativa de arrecadação em 4,5 bilhões de reais, coincidentemente o valor necessário para cobrir as atuais despesas com o setor elétrico. Logo ele não reviu, simplesmente apagou o número anterior e escreveu um novo. Apesar da arrecadação recorde para um mês de fevereiro e uma alta de 1,91% no bimestre ainda não há garantias da melhora estimada, pois houve uma forte oscilação entre janeiro e fevereiro, justificada pelo governo como postergação de pagamentos de IR e CSLL pelas empresas para março. Resta-nos esperar e até certo ponto duvidar.

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O saldo da balança comercial no mês de março se apresenta negativo em sessenta milhões de dólares até o dia 21, acumulando no ano um déficit de 6,24 bilhões. Esse número vem preocupando, pois as expectativas do governo ainda se mantêm em oito bilhões de dólares, enquanto no relatório Focus as projeções caem a cada semana e agora se encontram em superávit de 4,71 bilhões. O Banco Central reviu sua projeção para o déficit em conta corrente e o novo valor é de 80,0 bilhões de dólares contra os 78 bilhões previstos anteriormente. Em 2013, o déficit foi de 81,3 bilhões e ficou mais estreita a redução prometida pelo governo. Mais uma vez, os investimentos estrangeiros não cobrirão integralmente o déficit, segundo projeção do BC. Enfim, fica a pergunta: por que o ministro Mantega acha que estamos tão sólidos?

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O IPCA-15, medido entre os dias 15 de cada mês e que é quase uma prévia do índice oficial da inflação, subiu 0,73% em março, acumulando em doze meses uma alta de 5,9%, praticamente igual a inflação de 2013. Os alimentos pressionarão a inflação em março e talvez até em abril, conforme as chuvas. O que se destaca é que a inflação não recua, e mesmo com uma defasagem de alguns meses para a alta dos juros influenciarem as decisões dos consumidores, o índice não recua. A expectativa de redução do custo de vida ainda não se concretizou. Por que o ministro Mantega acha que estamos tão sólidos?

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Há quinze dias comentei o receio do governo em relação à indústria automobilística, grande responsável pelo desempenho do setor industrial nos últimos anos, e agora com reportagem do jornal Valor de 26 de março fica claro uma redução de produção, seja por queda das vendas no mercado interno, seja pela interrupção de vendas para a Argentina e Venezuela. As expectativas do governo de recuperação de arrecadação por término dos incentivos de redução do IPI não se concretizarão, fazendo com que o aumento de impostos previstos para “pagar” a conta do setor elétrico seja menos eficaz. Será que conseguem 1,9% do PIB em Superávit Primário, sem malabarismos? Muito difícil.

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O comunicado da Standard & Poor’s colocou as duas outras agências de classificação de risco no corner por tratar de todos os assuntos que afligem a economia brasileira. Dificuldade de crescimento, dificuldade em fazer superávits primários críveis e consistentes e contas externas em deterioração há mais de vinte meses não deixam espaços para elogios. As reservas internacionais são sim um colchão muito bom contra problemas externos, mas não há nenhum no horizonte. Ser credor internacional é bom, mas as contas externas vêm reduzindo essa vantagem. Mesmo que ainda demore uns três meses, as outras agências se posicionarão de acordo com os números da economia em 2014. Estaremos mais próximos das eleições. É uma dificuldade a mais para um governo com projetos de gastar quando deveria estar economizando.

 

 

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