A parte que falta

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Coração Consertado IV

Tentei de todas as maneiras remendar o coração. Porém, apesar de saber a forma que ele deveria assumir, sempre me parece faltar uma peça..

Procuro em gavetas, em armários –quem sabe está em cima da cama, enrolado nos lençóis? Não, esse fragmento permanece extraviado.

Percebo então que esse pedaço ausente foi embora com ela; nunca mais poderei reconstitui-lo e chamá-lo de nosso.

É certo, isso? Não sei, mas compreendi que deveria ser prudente. Um coração consertado, remendado, colado, às vezes até funciona, mas quase sempre conserva os defeitos do passado.

A melhor solução talvez fosse procurar um coração novo. Não precisa ser daqueles que nunca teve dono, mas que seja tranquilo e verdadeiro, tão grande que seja capaz de acolher outro um tanto arisco, mas garanto tão sincero que às vezes machuca.

Essa procura pode ser do tipo que não quero tenha sucesso. Afinal, correr o risco de perder mais uma peça, por menor que seja, não é a opção mais segura.

Mas como pensar em segurança, se a paixão e o amor são sinônimos bonitos para incerteza e insegurança?

Por isso, muitas vezes o cansaço dessa busca inventada toma conta de mim. Pergunto-me se talvez não devesse ficar parado qual um poste, à espera que alguém venha se encostar.

O que realmente espero é que seja lá o que for que aconteça não torne a destroçar esse coração tão combalido pelos encontros e desencontros com outros corações doídos, que vagam em busca de uma espécie de bálsamo. Estou longe de ser um coração que alivia. Tornei-me veneno e estou disposto a permanecer assim até que o antídoto venha por suas próprias pernas.

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