Bancos estrangeiros e instituições como o FMI e o FED fizeram análises recentes e concluíram que alguns países que não aproveitaram a grande liquidez mundial dos últimos quatro anos para efetuarem certas reformas estruturais ou para garantir maior participação no comércio mundial, podem enfrentar dificuldades com a alta dos juros nos EUA. O grupo formado por Turquia, Indonésia, África do Sul, Índia e Brasil passou a ser denominado de “cinco frágeis”. Sem dúvida é um equívoco comparar a economia brasileira, em seus números atuais, com a desses outros países. A situação evidencia, porém, que desde o final de 2013 o Brasil caiu mesmo na “boca do povo do mercado”. Ou melhor, não faltam comentários feitos por analistas financeiros ou jornalistas especializados.
O que de fato colocou o país na berlinda econômica foi o início do fim do programa de incentivo monetário do governo americano. Não há grandes segredos para reconduzir o país “aos trilhos”, mas é sabido que em ano eleitoral aumentam as dificuldades para se implantar medidas necessárias como a contenção das despesas, a elevação dos juros, a promoção de ajustes em obras em andamento e a desvalorização do real. E tudo se complica já que a disputa nesta eleição pode ser mais difícil para o partido do governo do que se previa há um ano.
O que investidores, bancos nacionais e estrangeiros e demais atores do mercado dizem, mas não escrevem, é que a maior dúvida paira sobre quem conduzirá a economia a partir de 2015. As pesquisas apontam para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, num quadro que indica uma disputa mais difícil para o partido do governo. Nesse caso, quem será o substituto de Guido Mantega, ministro desgastado por muitas promessas não cumpridas e tantas projeções equivocadas? Pergunta-se também que atitudes serão tomadas pela presidente, no caso de sua reeleição? Seguirá as promessas feitas em Davos ou tomará medidas populistas e eleitoreiras?
Há de se entender também como funciona a lógica do mercado financeiro. O que se conversa é sempre sobre o futuro. O presente serve para corroborar projeções feitas anteriormente e ajustar as do futuro próximo. A volatilidade, isto é, as idas e vindas das cotações também são mais fortes e abruptas no Brasil em função do tamanho do seu mercado financeiro, maior do que os seus pares. Isto faz com que muitas vezes alguém que queira se proteger de problemas na Argentina ou Venezuela, por exemplo, faça suas operações no nosso mercado.
É por isso que o Brasil acabou sendo listado junto de más companhias, nesse grupo dos cinco frágeis, mesmo que haja opiniões contrárias e mau humor do governo. Mas os números anunciados entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014 apontam para projeções ruins e quanto a isso não há o que refutar.
Nossa fragilidade não condiz com o presente. Ela reside na incerteza gerada pelo futuro próximo.