A cada dia que passa, me espanta cada vez mais o uso indevido das estatais feito pelo PT. Dois exemplos recentes:
1) Desde que os escândalos começaram a surgir, a Petrobrás tem garantido forte presença em propagandas de jornal, na TV, em rádios e até em sessões de filmes de grande bilheteria. Apregoa-se o crescimento na produção de petróleo; esconde-se a verdade dos fatos.
O recorde de produção diária de 470 mil barris na camada do Pré-Sal, obtido em 11 de maio passado, comemorado com anúncios aos brasileiros e ao mercado financeiro, não discrimina que apenas 290 mil foram obtidos pela própria Petrobras. O restante vem dos seus sócios. A situação piora quando se considera os demais poços, aqueles que não fazem parte dessa nova fronteira. Eles produzem o equivalente ao que era explorado em 2005. O que estaria então sendo celebrado pelos anúncios? Não se trataria apenas de peças de propaganda enganosa?
Desde que a nova fronteira foi anunciada, a produção vem caindo. A empresa não dá qualquer explicação. Analistas nacionais e internacionais do setor alegam que ela produziu mais do que deveria para buscar o anúncio de uma autossuficiência que nunca se concretizou efetivamente. Como seria possível então levar a sério a projeção de um crescimento de 7,5% na produção em relação a 2013? Ultimamente, introduziu-se uma margem de tolerância, de 1 a 1,5pp. Ou seja, as dúvidas continuam e os acionistas é que pagam. Nos próximos três anos, veremos recordes do pré-sal, mas quanto será da empresa? Até quando as informações serão dúbias? Não há acionista que consiga ser sócio de algo tão nebuloso.
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2) Depois de ser obrigado a manter uma política de empréstimos enquanto os bancos privados reduziam suas atuações, o que redundou em maior inadimplência e redução de lucro, o Banco do Brasil agora atuará como “gestor de obras públicas”. A presidente Dilma sempre quis criar uma agência de gestão pública para tentar destravar a burocracia, assim como para coibir abusos, e finalmente, como ideologia, centralizar a fiscalização. Com um conhecido departamento de licitações, ponto de partida para o novo objetivo, a presidente deu ao Banco a tarefa de gerir a modernização dos aeroportos para ampliar a malha de voos regionais, a construção de silos e ainda as Casas da Mulher, que tratará entre outras coisas de segurança alimentar, emblema maior da gestão da primeira representante do sexo feminino na presidência. Estaria eu enganado ou Dom João VI fundou um banco e não um departamento de obras?
O total estimado de comissões a serem pagas ao banco (por quem?) pelo conjunto das obras é de 300 milhões de reais, sem prazo especificado e ainda sem custos definidos. Logo pode ser pouco. Pode ser menos que a rentabilidade da sua atividade-fim, e ainda por cima os pagamentos podem atrasar.
Será que os acionistas do Banco do Brasil serão chamados a construir aquilo que o governo não consegue, manipulados como os acionistas da Petrobras e da Eletrobras que foram, são e serão usados para controlar a inflação?