Até quando?

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grau de inv III

Não, elas não são o oráculo do mundo, mas continuam fundamentais. As agências de classificação de risco são o único mecanismo unificado e comparativo de desempenho de empresas e países, apesar das graves falhas na crise da Ásia de 1997, das pontocom e Enron em 2001, e na crise mundial de 2008. E atuam junto com organismos mundiais, com os principais bancos centrais independentes, instituições bancárias e investidores. Assim, quando o Brasil conquistou o grau de investimento em 2008 houve uma grande euforia no país, muito bem captada e capitalizada pelo governo na época.

No primeiro trimestre deste ano,  o FED, o FMI e a agência de classificação de risco Standard &Poor’s fizeram uma série de críticas à administração da economia brasileira, das contas públicas, das contas externas e do controle da inflação. Houve quase uma comoção no governo, com acusações que nunca apareceram em 2008. Ou melhor, empregou-se o conhecido método de “dois pesos e duas medidas”. Na época, concordei com as críticas e até previ neste blog a perda do grau de investimento ainda em 2014. Errei o timing, porém nada foi feito para interromper a degradação dos números e o crescimento dos problemas. Assim sigo com a ideia de que perderemos o grau de investimento. Só que agora os fatores que antes estavam embutidos nas projeções aparecem em números já apurados. A questão não é martelar exaustivamente nesses índices, mas falar da confiança, que é o que rege o Grau de Investimento.

Após a reeleição, o governo já deu algumas demonstrações sobre o que pensa das contas públicas. Não reduzirá a máquina administrativa, não reduzirá a atuação do BNDES com juros subsidiados. Elevou e definiu que as desonerações são definitivas e elas não produziram nenhum tipo de crescimento na economia. Por fim,  concedeu um desconto nas dívidas dos Estados para com a União, isto é, reduziu as receitas. Assim a confiança nas contas públicas de 2015 está em nível muito ruim.

A China continuará a crescer a taxas interessantes, mas equivalente à metade do que eram em 2002 a 2010, logo o preço de commodities importantes cairão. Nossa balança comercial, que corre o risco de ter déficit em 2014, também não apresentará grandes progressos em 2015, pois seguem as dificuldades europeias e as péssimas condições da Argentina. Salvar-se-ão os Estados Unidos. Os investimentos externos mais uma vez perderão qualidade, isto é, mais recursos para juros, menos para a produção, além de diminuírem por falta de confiança. E finalmente as famosas reservas de 380 bilhões de dólares, conforme muito bem escrito pela economista Monica De Bolle, estão com 100 bilhões comprometidos com as operações de swap e outros  90 bilhões com a Petrobras que não tem caixa e terá que captar com o rating do país. Logo, por segurança, o mundo financeiro “transferirá” o risco da empresa para a União. A pergunta que não quer calar: Quem se arriscaria a colocar dinheiro aqui, a não ser com elevadas taxas de juro?

E sobra a inflação. Ao que parece, o Banco Central tomou para si a tarefa de tentar mantê-la pelo menos dentro da banda de cima do centro da meta. Mas como tudo em economia, há um preço a pagar, que no caso é mais um anêmico crescimento.

Quem manteria um grau de investimento em país tão combalido por erros, incompetências, irresponsabilidades e arrogância?

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