No domingo passado, 9 de fevereiro, o presidente do IeDi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Pedro Passos deu entrevista ao jornal Estado de São Paulo deixando clara a falta de confiança do empresariado no governo. Uma semana depois, o ministro das Comunicações (?) respondeu a entrevista. Paulo Bernardo sempre fez parte do núcleo duro dos governos de Lula e Dilma, além de ser da tropa de choque, com respostas bem ao estilo do partido.
Não entrarei em nenhum mérito político de suas declarações – e há muito o que se considerar sob esse aspecto — mas me manterei estritamente sob o ponto de vista econômico.
Em certo momento, o ministro lasca uma frase de efeito: “O que não dá é empresário fazendo beicinho”. Ora senhor Paulo Bernardo, não minimize a grave crise de credibilidade que a economia do país atravessa. Não se trata de birra entre o governo e o empresariado e sim da apresentação de diversas projeções equivocadas nos últimos quatro anos, de promessas não cumpridas, de obras importantíssimas inacabadas (ferrovia Transnordestina, transposição do rio São Francisco, refinaria de Pernambuco) e ainda outras que nem saíram do papel como o infame Trem Bala. O ministro, aliás, estava ao lado da presidente Dilma na entrevista coletiva que prometeu sua conclusão a tempo para a Copa deste ano.
O empresariado sim é medroso, mas atuar em uma economia sem saber qual poderá ser a inflação, qual será a taxa de juros, como se comportará o câmbio e se o governo vai fazer a sua parte gastando menos do que arrecada, é no mínimo arriscado.
Ao contrário do governo, que não é pressionado pelas sandices que comete, o empresariado é fortemente cobrado pelos acionistas. Perde mercado e tem prejuízo se algo sai errado.
O tom de deboche empregado na entrevista demonstra a soberba que assola o governo quando se recusa a tratar de frente os problemas econômicos que estão ocorrendo. Creio que a pouca familiaridade do ministro com a macroeconomia o faz desdenhar de quem entende e sabe que as coisas não estão correndo como deveriam.
Mas ministro Paulo Bernardo, o que realmente preocupa é a incessante manobra de desvio do olhar para metáforas que só são engraçadas para os integrantes do governo e do partido. A “DR” que o senhor sugere manter com o empresariado, só seria possível se os dois lados resolvessem falar a verdade. E até onde eu sei, seu time parece ser treinado por Pinóquio.
