Quando vibra o coração

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O coração vibra de muitas maneiras. Todas emitem sons e provocam sensações físicas. Não é preciso estar apaixonado para ouvi-las, embora sejam mais fortes, nítidas e ininterruptas nesses momentos. Quando se ama o ritmo é compassado, claro, constante.  Ao se fechar para tudo e para todos, as vibrações são lentas e escuras, deselegantes. E o coração desocupado e sereno também vibra, como na música do Walter Franco: “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.”

Na rua, observo as pessoas e sou capaz de dizer como cada coração está vibrando, como reagem às circunstâncias. Os indícios físicos são inconfundíveis. Como os sinos, que vibram e emitem diferentes sons, o coração se manifesta por meio do corpo, que responde de forma involuntária aos estímulos da euforia, da tranquilidade e da indiferença. Não existe uma explicação científica comprovada, mas é algo que passa pela cabeça e pode gerar uma sensação de felicidade e a vontade de conquistar o mundo para quem quer que seja.

Já conheci cada uma dessas fases.

Quando apaixonado, as vibrações me fazem flutuar sobre tudo. O sorriso praticamente nunca deixa o rosto. Todos os problemas têm solução, o mundo é lindo e, como diriam Roberto e Erasmo Carlos, “a felicidade até existe”. Nesse estado, nada me impedirá de nada. Enxergo o mundo sob o efeito dessa “droga” chamada paixão. O corpo responde a tudo de forma firme e vigorosa.

As vibrações do amor tranquilo e consolidado, “infinito enquanto dure” (como escreveu Vinicius de Moraes no Soneto de Fidelidade), me leva a olhar o mundo de maneira equilibrada e um pouco mais racional, sabendo onde pisar e o que fazer para melhorar. É a hora em que penso que posso gerar outra vida, que saberia o que dizer e o que fazer em momentos delicados e complicados. O corpo atende a todos os pedidos, mas tenho clara noção de seus limites.

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O coração que se fecha a tudo e a todos emite vibrações fúnebres que deformam a realidade, tanto o lado bom quanto o ruim. Revelam apenas uma visão parcial, lenta, sem vida, sem perspectiva. São quase imperceptíveis diante de tais sentimentos. Tudo é cinza, as cores se perdem. É certo que elas existem, mas não se sabe onde foram parar, em que lugar estão e que enorme mistério existe por trás de seu desaparecimento.

Nos momentos em que resolvo olhar o mundo com a tranquilidade de quem já fez muito e quer algum descanso, não tenho tantas dificuldades com as perguntas da alma, mas entendo que falta um pedaço para que as respostas se completem. Sei que o que falta pode aparecer a qualquer momento. Não corro com sofreguidão para achá-lo; espero.

O que concluo é que conhecendo as quatro fases de perto, ainda não saberia dizer qual delas é a que gosto mais, mas sei qual é aquela  que dá mais trabalho. E como dá! É a vibração da paixão, embora aparentemente seja a favorita de todos. Para encará-la é preciso ter “muito peito – peito de remador”, para citar novamente Vinicius de Moraes.

Agora se fosse para escolher como eu gostaria que alguém estivesse em relação a mim, sem dúvida ia preferir ser amado com a tranquilidade. Isso é de um egoísmo imenso, mas eu não estou aqui para altruísmos. Vim para me sentir bem, e não há maneira melhor de se sentir bem do que ser amado!

Enfim depois de ter a cabeça adoecida algumas vezes, percebi que o problema pode ser muito maior se o coração se adoenta. Não há remédio, não há médico. A cura está dentro de si. É preciso um grande esforço, quase uma caça ao tesouro, mas vale a pena.

Não deixe jamais seu coração ficar doente.

 

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