Em setembro o dólar ultrapassou a barreira dos R$2,40, com a ameaça da redução dos estímulos monetários do FED. O Banco Central interveio e criou um programa de “ração” diária ao mercado para hedge de operações atreladas ao dólar. Com diversos números ruins de nossa economia, principalmente contas externas, a cotação que voltou a R$ 2,20 em outubro, bateu de novo nos R$2,40 no início de dezembro. O governo garantiu o prolongamento do programa ao longo de 2014. Como a retirada dos estímulos americanos é certa e está cada vez mais próxima, o BC cria outro artificialismo que aumenta a falta de credibilidade do governo. Em tempo, a reação ao anúncio da autoridade brasileira não fez a moeda americana recuar como em setembro. Atenção ao câmbio, que liga o sinal de alerta na inflação.
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A quinta maior refinaria da Petrobras, em Araucária, no Paraná, responsável por 12% do refino nacional, está paralisada desde 28 de novembro e assim deverá ficar no mínimo até o próximo dia 17. A importação de gasolina e diesel terá que aumentar novamente, prejudicando ainda mais o caixa da empresa, anulando em parte o aumento concedido e piorando as contas externas do país com o crescimento inesperado das importações. Fase ruim que não passa, sem data para terminar. Esse acidente traz mas um furo no caixa que não será recuperado.
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O Tesouro Nacional, de acordo com Medida Provisória de 3 de dezembro, repassará ao BNDES mais 24 bilhões de reais em títulos públicos para capitalização da instituição, a fim de manter e elevar a carteira de empréstimos do banco de fomento. Este é um “esqueleto” que engorda, caso único na ciência. A contabilidade é feita “à parte”, traz prejuízos para a instituição e nós ficamos com a conta. Ao Tesouro Nacional, o banco paga as taxas de mercado e empresta a taxas subsidiadas. A diferença é “nossa”. Esmola com chapéu alheio.
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O mês de dezembro começou com um déficit de 275 milhões de dólares na balança comercial. No acumulado do ano, ele está em 368 milhões. Se considerarmos que teremos um mês com quatro dias a menos em função da paralisação de Natal e Ano Novo, teremos dezesseis dias para alcançar um superávit de 1,9 bilhão de dólares e “encontrar” as projeções de 1,5 bilhão no ano. Contas externas em situação desconfortável no curto e médio prazo. No longo prazo, é uma questão de tempo.
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O IBGE divulgou que a Produção Industrial cresceu 0,6% em outubro, em relação a setembro. Em doze meses, ela cresceu 0,9%. Esse indicador revela que as novas projeções para o PIB de 2013, ao redor de 2,2% contra a já “consolidada” de 2,5% devem se concretizar. Este governo terá uma média de crescimento da economia próxima a 2% e, ao contrário do que diz a equipe econômica, permanece abaixo dos países emergentes e dos industrializados.
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O dado divulgado acima pelo IBGE vem de encontro à Sondagem de Investimentos da Indústria de Transformação, pesquisa realizada trimestralmente pela Fundação Getúlio Vargas que conclui que a indústria está menos disposta a investir em 2014 e acredita em faturamento menor no próximo ano. Foram pesquisadas 758 empresas que concentram faturamento anual de 534 bilhões de dólares. A pesquisa foi realizada entre 7 de outubro e 29 de novembro. A expectativa para 2014 é ruim, a não ser que fatores ainda desconhecidos ou imponderáveis aconteçam para salvar o ano a partir de abril. Quem sabe?