A maior, não a melhor

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Petrobras II

Indicar ações da Petrobrás para o pequeno investidor é uma prática de diversas instituições financeiras. Posso não ser um analista de investimentos, mas discordo disso como observador. O que se vende pela televisão, em anúncios oficiais, engana a muitos. Só é correta a afirmação veiculada sobre tecnologia própria e de ponta. O ponto importante não é atual momento desastroso da sua administração. Refiro-me à empresa em si, pelo que ela realmente é.

Quando foi criada, há sessenta anos, o objetivo era prospectar o país e sua costa em busca de petróleo, extraí-lo, refiná-lo em operação própria e vender seus derivados. Durante décadas não houve disponibilidade de recursos privados no país que pudessem fazer a empresa avançar. Era mantida exclusivamente com recursos públicos. Quando os recursos externos ficaram mais próximos, também foram utilizados para o crescimento da empresa. Os planejamentos estratégicos eram seguidos à risca. A capacidade técnica do corpo de funcionários foi e é uma marca, reconhecida internacionalmente.

Em determinado momento da década de 1990 o governo quebrou o monopólio da prospecção e exploração de petróleo e gás, retirou a Petrobras da atividade petroquímica e devolveu-lhe a autonomia na precificação dos combustíveis. A empresa voltou a ser referência no mercado de ações, correspondendo com bons e consistentes resultados, dividendos e mais investimentos.

Insisto: não se discute aqui modelo econômico, e sim os instrumentos que permitem a criação de riqueza para o país.

No início dos anos 2000, com novo partido no governo, foi introduzido o pensamento de que a Petrobras seria uma empresa de energia. Com isso houve um desvio de recursos de exploração de petróleo e gás. A ideia foi utilizar a imensa geração de caixa para melhorar e elevar a geração de energia do país.

Petrobras III

Condeno a linha de raciocínio que reduziu o reinvestimento nas atividades principais; com isso o Tesouro Nacional teve uma redução nos dividendos.

A participação em projetos de hidrelétricas, parques de energia eólica, usinas de álcool, ou seja, alargando seus objetivos, reduziu o retorno do capital investido e desviou recursos insubstituíveis para a prospecção e extração de petróleo, seu objetivo inicial. Existe de fato a necessidade de se investir em outras fontes de energia, além de manter a hidraulica e fóssil, mas não com o caixa da Petrobrás. O Ministério das Minas e Energia deveria criar nova política.

Discutiu-se nos últimos trinta anos a necessidade de construção de novas refinarias. Era, é, e será sempre fundamental um parque de refino forte e bem localizado, pois a extensão do país faz com que estes investimentos sejam primordiais. Além disso, eles também fazem parte da atividade principal.

Entre 2005 e 2006, a estatal venezuelana, PDVSA foi “chamada” para compor uma sociedade com a estatal brasileira em um projeto em Pernambuco. Mal dimensionado, o projeto foi orçado inicialmente em 4,5 bilhões de reais, custará na realidade cerca de 35 bilhões de reais, e deverá entrar em operação apenas ao final de 2014, com três anos de atraso. Há duas semanas a estatal venezuelana desistiu do negócio. Foi uma escolha técnica em pequena escala e uma opção política sem alcance real para o país. É um exemplo do que estão fazendo com a empresa.

O motivo para crer que a Petrobras não é um bom investimento não se baseia nesses tipos de desmando, em minha opinião, e sim, no desvio de objetivo; no comprometimento dos investimentos; na menor rentabilidade; e no baixo retorno aos acionistas. Quando uma empresa é estatal, a responsabilidade cresce, pois se sabe que muitas vezes, quiçá a maioria das vezes, as indicações de diretorias não obedece a nenhum critério técnico, e sim político, comprometendo seu comportamento.

Para que se tenha uma noção de como a Petrobras está mal dimensionada e posicionada no setor, indico alguns dados comparativos simples, com a ressalva de que qualquer comparação entre empresas precisa estar bem contextualizada. De qualquer maneira, é importante saber: a maior petrolífera do mundo, Exxon, com 77 mil funcionários, produz 4,3 milhões de barris de petróleo equivalentes (isto é, gás e petróleo), está presente em 47 países, com 24% de rentabilidade sobre investimentos e não vai participar do leilão do Campo Libra; já a Petrobras (segunda na América Latina e décima quinta no mundo), produz 2,6 milhões de barris de petróleo, está presente em 25 países, com 7% de rentabilidade sobre investimentos, e um contingente de 85 mil funcionários. Com a mudança da lei é obrigada a participar com 30% no mínimo no consórcio vencedor do Campo Libra. Acredito que haja algo fora do lugar por aqui.

O orçamento da empresa permite voz ativa dentro do governo, mas a redução de seu papel empresarial e a ênfase nos aspectos sindical e político debilitaram seu poder de definição de prioridades.

Populistas são péssimos administradores e utilizam ativos em nome de sua ambição político-eleitoreira.

Que ninguém se iluda. Para acionistas sérios, um nome não serve para nada; a tradição de bons resultados aliada a boas práticas corporativas tem muito mais valor, independente do tamanho da empresa.

E espionar para quê?

Charge Petrobras

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