Blá blá blá

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 LinkedIn 0 Email -- 0 Flares ×

Dilma2014

Parece até coincidência: no ano passado no discurso da presidente Dilma pela data da Independência do Brasil, ela anunciou a redução do custo da energia para as indústrias, o comércio e as residências. Foi um golpe de marketing muito bom, pois a campanha política para as eleições para prefeitos e vereadores havia começado na véspera. A diminuição no valor das contas de luz vem salvando, em termos é claro, a inflação deste ano, mas a fatura vai chegar. Assunto para outro dia.

Neste ano, a presidente com um belo sorriso no rosto – coisa rara – disse que o país cresceu mais que todos os países ricos no trimestre entre abril e junho. O crescimento do PIB em 1,5% surpreendeu a todos e isto vem de encontro aos pessimistas que não acreditam no Brasil. Pelo menos foi a minha interpretação da declaração de Dilma, e acho que coincide com a da maioria das pessoas.

Entendo que entre os papéis de um governante está o de enaltecer seus feitos, mesmo que ali na esquina a coisa mude. Só não acho correto que se esconda ou malverse a verdade.

Se tudo correr bem, o crescimento do PIB de 2013 será de 2,5%, de acordo com o próprio governo. Ele pode errar? Claro. Já errou tantas vezes, que essa não seria diferente. Mas um momento: estou partindo do princípio que ele erre e cresça mais! Este é o raciocínio induzido pela presidente, pois se taxa apresentada fosse mantida, a economia do país poderia crescer quase 4,5% no ano. No entanto, nem o governo acredita nisso. Mas no discurso, em cadeia nacional e com um Ibope teoricamente alto, declarou-se algo que falta com a verdade.

lula_dilma charge

Outra afirmação feita com frequência pelo governo diz respeito à inflação. Assegurar que ela está “sob controle” não é uma verdade completa. O país vive um regime de “metas de inflação”, isto é, o governo trabalha para alcançar 4,5% ao ano, podendo haver variação de dois pontos para cima ou para baixo. Porém, há três anos — e este será o quarto — o país fica na parte superior da meta, isto é, no intervalo de 4,5% a 6,5%. Então que controle é esse? Conforme coloquei acima, a energia elétrica contribuiu bastante para que a inflação não ultrapassasse o “permitido”, assim como as tarifas dos transportes públicos. Logo, a conclusão é de que há algo represado nos preços e em algum momento isso será repassado ao consumidor. Já vimos isso antes.

Sempre digo que a economia é uma ciência social, pois a reação das pessoas a qualquer medida de um governo ou a qualquer acontecimento político, econômico ou social, é sempre uma incógnita. Não há equação que o ministro Simonsen conseguisse montar com este x. Assim, a sensação do bem-estar para a população produz milagres nas urnas, e ela é obtida com trabalho consistente e não com idas e vindas, como as do atual governo federal.

O estrategista de campanha de Bill Clinton em 1992 cunhou uma frase perfeita para todas as campanhas: “it’s the economy, stupid!” (“é a economia, estúpido!) quando os democratas derrotaram George Bush que acreditava que a recente vitória na guerra do Kuwait bastaria para garantir sua reeleição. Isto ilustra o esforço que todos os governantes fazem para exibir índices econômicos bonitos no ano fatal. Mas em economia o laboratório sempre está em obras; os testes, portanto, são feitos com a própria população, e quando algo dá errado, é preciso voltar à estaca zero. Aí entra a questão do “jeito PT de ser”: a culpa é sempre dos outros.

A crítica aqui é relativa à falta de transparência para com a população, é sobre o fato de que nunca o governo “erra”, e que é preciso ver o que realmente está acontecendo em termos econômicos.

Não se trata de uma questão de estar contra ou favor da política econômica e sim de querer que haja uma condução responsável, pois sem confiança, com manobras de marketing ou contábeis, há uma maior possibilidade de um andamento negativo da economia.

Para que se possa ter uma idéia clara dos comportamentos diversos dentro do próprio governo, vejo um Banco Central mais responsável e menos preocupado com o calendário eleitoral. Quando este entendeu que a inflação poderia realmente ter um comportamento pior ainda do que já temos, ele começou a elevar a taxa de juros, opondo-se à queda “forçada” pela presidente em 2012. E mais recentemente com a alta do dólar em relação ao real, começou uma política clara de operações que podem reduzir uma possível corrida de investidores contra o real. A divulgação das regras torna o jogo mais direto. Como diriam os bicheiros “vale o que está escrito”.

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 LinkedIn 0 Email -- 0 Flares ×

Sem comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *