Não há necessidade de grandes estudos para comprovar que o homem é bem mais simples que a mulher. Não há mistério em seu modo de pensar, falar, agir e usar. Dispensa qualquer manual de instruções elaborado. Como em tudo na vida, existem exceções, é claro, mas isso só reforça a regra aplicável à maioria dos indivíduos do sexo masculino. Falta apenas uma etiqueta na testa com a indicação “Agite antes de usar”.
Quando se fala de mulher, porém, tenho enorme dificuldade de definir um padrão de comportamento geral – e acredito que não sou o único a viver essa confusão. Podemos até identificar algumas características comuns, mas sua incrível capacidade de mudar de ideia da noite para o dia impede que se saiba exatamente o que pensa. Admito que acho isso muito atraente, embora dê uma trabalheira danada esse jogo da suposição, da adivinhação, da tentativa e erro.
Um homem, quando está a fim de uma mulher, não dá muita margem para dúvidas em seu comportamento. Admito, parecemos pavões no cio se exibindo e correndo atrás. Por outro lado, precisamos decifrar deixas sutis, descobrir quando um “não” quer dizer “sim”, entender alguém que tem a mais absoluta certeza das suas dúvidas e que pede alguma coisa sem querer, só para testar.
Há quem atribua boa parte dessa instabilidade à TPM. Mas como antecipar sua chegada? Ninguém sabe. Nem mesmo as mulheres. Para começar, o ciclo não tem aqueles 28 dias, como decorei nas aulas de biologia. Algumas são mais propensas às alterações, outras são sujeitas ocasionalmente. Então como agir diante de uma súbita resposta atravessada para alguma pergunta simples? Exemplifico:
— Está com fome? Vamos almoçar?
— Será possível que para você entender alguma coisa eu tenho que escrever na sua mão?
— Opa! Ok, desculpe…
— Não tira o corpo fora agora!
Com todo o cuidado, a gente procura ser menos ogro, ter uma sensibilidade maior. E eis que, de repente, ela pede para comprar ingresso para o próximo UFC, de preferência na fila da frente, onde espirra sangue e dá para gritar e exclamar todos os palavrões possíveis. Trata-se da mesma criatura que, na véspera, reclamou de um simples “porra” que você exclamou quando seu time perdeu um pênalti!
Talvez seja pura preguiça sonhar com um manual de instruções, em vez de prestar mais atenção no comportamento feminino. O processo de tomada de decisão é complexo. A hesitação e a insegurança permeiam todos os movimentos, desde a simples escolha entre dois pares de sapatos à exata posição de um cinto que poderá ficar três ou quatro dedos abaixo do umbigo. Como confiar, por exemplo, quando ela manda virar à direita? Há muita probabilidade dela estar graciosamente pensando em outra coisa e ter indicado a direção oposta. Uma vez constatado o erro, pede desculpas com um sorriso e um beijo no canto da boca, coisa para desarmar qualquer cristão. Seguidos, é claro, por quarenta minutos de “você tem mesmo certeza de que me perdoou, então me dá um sorriso…’ e por aí vai.
Na correria da vida diária, por mais que eu me disponha a ser compreensivo, carinhoso e paciente, existem situações que requerem respostas rápidas. Parece que é justamente nesse momento que afloram dúvidas quase que transcendentais:
— Por que você está tão frio comigo? Será que não tem trinta segundos para me ouvir e decidirmos juntos? É muito complicado você me dar atenção e entender pelo o que estou passando?
— Tá bom…pode falar.
— Se está sem paciência nem precisa saber que existo!
E meu amigo, não pense que tais comportamentos sejam exclusividade de algumas. Saiba que Michelle Obama já teve ataque de ciúme em público, que Angela Merkel se irritou porque o Berlusconi foi falar ao celular longe dela e que a Dilma não gosta da perplexidade dos outros quando ela xinga e afaga ao mesmo tempo.
O que nos resta pedir é que pelo menos mudem essa história de que Eva veio de uma costela de Adão. Se veio, então Deus estava certo, pois a tal costela ia sempre dar trabalho.
Adoraria que a Ingrid me pedisse para comprar ingressos para o UFC na primeira fila … Sonho meu…
RSRSRSRS
Mauro
Vc soube nos definir lindamente… Somos assim mesmo e eu sempre digo para o meu marido não reclamar pq eu não sou a única!!!! Vejo minha filha pequenina já é exatamente assim!!!
Nem eu me entendo….
Adorei o texto! Parabéns
Abraço
Vanessa
http://www.nossodiariodetreino.wordpress.com
Vanessa,
Obrigado pelos elogios!
Tive momentos na vida em que a minha casa tinha minha mulher, minhas filhas, empregada e minha sogra. Acho que consegui observar bem. Se aprendi? Ainda estou na dúvida.
Abs