Te encontrei!

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RV IV

Não nos falávamos desde os seis anos, idade em que, convenhamos, os contatos mais frequentes costumam se restringir aos pares do mesmo sexo. Naquele reencontro via Facebook, as primeiras mensagens, para minha surpresa, vieram cheias de exclamações. Fiquei ainda mais surpreendido quando constatei que, em seguida, não vinham interrogações. Eu não vivia um bom momento. Não queria perguntas, e sim conversas. Passados mais de quarenta anos, minha ex-colega do Princesa Isabel manifestava ao mesmo tempo tanta alegria e tanta surpresa nas primeiras mensagens que, imediatamente me senti à vontade. A velocidade com que começamos a nos comunicar foi tão grande que nem parecia que não nos falávamos todos os dias desde a infância. Dividimos alegrias transbordantes e  tristezas abissais.

Na casa dos cinquenta, acredito ter sido capaz de aprender tudo que um ser analógico poderia absorver sobre redes sociais, fisgado pelo melhor que elas podem oferecer: o reencontro com contemporâneos que também estão ligados virtualmente. Com essa motivação, frequentei o recém-falecido Orkut, e depois o Facebook e fui resgatando pessoas que moravam em algum ponto da minha memória, quase que como alguém que puxa a ponta de um novelo. Apesar da passagem do tempo, ainda guardava nomes e rostos daqueles que aprenderam a ler comigo no Colégio Princesa Isabel, onde estudei de 1964 a 1966.

A menina de rabo-de-cavalo um pouco mal-humorada daqueles tempos se transformou em uma mulher de imensa alegria e intensidade. Sim, nós nos encontramos ao vivo, porque fomos criados assim, no mundo real. Nada substitui uma boa conversa cara a cara. Confesso que sentia uma grande curiosidade em saber como ela era, porque as lembranças se misturavam com as fotos atuais. Não me decepcionei. Apesar de torcer pelo Flamengo, de forma passional, ela consegue manter a lucidez em seus comentários sobre futebol e se comporta do mesmo jeito nas discussões políticas, quando conjuga os verbos “amar” e “odiar” sempre com uma argumentação sólida.

Às vezes, de maneira radical e egoísta, costumo dizer que não quero mais amigos, porque os que tenho já são ótimos. Aí, aparecem situações como essa e destroem a minha estupidez. Meu escudo de proteção de tristezas foi derrubado por suas tiradas ótimas, seu humor ácido, e suas mensagens carinhosas.

Preciso agradecer ao Mark Zuckenberg.

 

 

 

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