A inflação da pipoca

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Popcorn and drink in an empty theater 

Entre as coisas que gosto muito de fazer está ir ao cinema. Confesso que ando seletivo e até chato na escolha dos filmes, mas quando minhas duas filhas passam uma quinzena comigo no Rio de Janeiro, topo qualquer um.

Longe de mim ser contra lucro ou relutar em pagar bem por uma boa sala. Mas quando se trata dos preços praticados pelos cinemas do shopping Rio-Sul, acho que estão de brincadeira com os espectadores. Valores equivalentes se aplicam no Shopping Leblon. Mas ninguém reclama. Então está valendo.

Mas tem a tal segurança dentro dos shoppings, a facilidade de estacionamento, de poder escolher o que comer antes ou depois da sessão, vá lá. Como se tudo isso fosse de graça.

No entanto o que me deixa realmente espantado  é o preço da pipoca e da coca-cola nas salas de exibição. Realmente acho que lucro é uma coisa, exploração outra, e nos achar com cara de idiota é a terceira e pior!

Após pagar 48 reais por duas meias-entradas e uma inteira, vi que duas pipocas médias e três refrigerantes de 500 mililitros sairiam por 42 reais. Bem, no supermercado. com embalagem e tudo mais pagaríamos algo como 13 reais. Em uma conta rápida: se alguém optar por esse lazer duas vezes ao mês, e somente esse, acrescentando o custo do transporte, e dedicar 10% do salário para a diversão, ir ao cinema só seria possível com ganhos a partir de 2.000 reais mensais.

Lembro-me de quando adolescente pedir dinheiro para ir ao cinema e depois lanchar no Bob’s sem que isso provocasse protestos de meus pais, representantes da classe média, com um aparelho de TV em casa e carro trocado a cada cinco ou seis anos. É verdade que existem diversas opções de balas e salgados, mas é um absurdo que três pessoas dispendam com bebidas e pipocas praticamente o mesmo que usaram com os ingressos. É um abuso!

Muitos já reclamaram da qualidade dos serviços no Rio. Acrescento então mais uma à lista. Para consumir refrigerantes e pipocas a preço de ouro é preciso chegar com trinta a quarenta minutos de antecedência à sessão. Sim, cada shopping tem de quatro a cinco  salas de projeção, com capacidade média de 120 pessoas. Os horários são um tanto quanto coincidentes. Há apenas quatro caixas para atender o público antes das sessões. Mesmo que tivéssemos caixas e atendentes com vontade e preparo – coisa que não acontece — o tempo de espera já seria infinito.

Mas não!

A diversão deles é irritar o consumidor. Conversam entre si; reclamam que tem muita gente (ainda bem, senão, não haveria emprego!); nunca, eu disse nunca, têm troco, e trabalham em uma lerdeza que não espantaria se fizessem exames e todos estivessem contaminados pela mosca tsé-tsé…

É um teste extremo para a paciência e os bolsos assistir a um blockbuster nos cinemas dos shoppings cariocas.

Descobri mais duas coisas muito importantes para a raça humana. A primeira delas: os lanterninhas, aqueles caras que quando eu era adolescente indicavam onde havia lugar vago, foram substituídos pelo celulares que iluminam as fileiras, porque como todo mundo fica na fila da pipoca e refrigerante, ao entrar  na sala, as luzes já estão apagadas.

E a outra descoberta é que os operadores dos filmes são sócios das empresas de aparelho de surdez, porque não haveria outro motivo para o áudio ser tão alto a ponto de algumas pessoas assistirem qualquer filme de ação com cara de quem está obiturando o dente a frio!

O que vale mesmo é a companhia das minhas filhas sempre com muitas novidades, histórias engraçadas e aquela saudade minha misturada com o desejo de que elas tivessem parado ali pelos cinco anos de idade. Mas elas cresceram, estão lindas, ótimas e fico feliz!

Acabei de saber que se eu quiser ir ao Maracanã sozinho para ver o Fluminense, que não está nenhuma Brastemp, terei de desembolsar algo próximo a cem reais.

Ah, o Mantega disse que a inflação vai cair.

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