— Você quer mesmo ir ao cinema hoje?
— É que o filme vai sair de cartaz.
— Depois você baixa naquele site que te ensinaram.
— É que o filme concorre ao Oscar na semana que vem e…
— Da última vez você nem viu a entrega até o final, me agarrou antes e…
— Mas esse filme deve ser melhor de assistir no cinema, com a tela grande e o som. Por que você não que ir mais?
— Porque quero ficar aqui deitada no seu colo, esperando o por do sol, e sentindo esse ventinho gostoso.
— Sei…
— Você sempre consegue ganhar uma declaração de amor, e eu caio todas as vezes na sua conversinha…
— E tem coisa melhor?
— E agora o que você vai fazer pra também mostrar que me ama?
— Buscar uma água de coco gelada!
— Achei que fosse me dar um monte de beijos…
— Sempre caindo na conversinha…
— Chato demais!
— Te amo!
— Você falando assim calmo, me fazendo carinho no rosto, me faz acreditar mais ainda que existe o “até que a morte os separe”…
— Mas foi o que escutamos o padre dizer, não foi?
— Sabe que ainda não acredito que estamos aqui assim, e tudo tão rápido.
— Sabe que ainda não acredito que você está comigo “pra sempre”…
— Ainda quer ir ao cinema?
— Acho que podíamos deixar pra ver em casa…Um dia desses…
— E agora fazemos o que?
— Vamos ver o sol, tomar banho de mar, depois passear de mãos dadas, prometer que ficaremos juntos “até que a morte nos separe”, e rir a noite toda das nossas bobagens…
— Quem disse que a felicidade é difícil de achar?
— Todos que não te conheceram. Aliás, ainda bem. Essas disputas iam acabar comigo.
— Você não precisaria disputar com ninguém. Eu te escolheria.
É fácil conjugar o verbo “amar”. Tão fácil que não há quem não tropece na tentação de complicá-lo, inventando pequenas coisas, pequenos deslizes, pequenos egoísmos.
Poderia ser sempre assim, igual a uma rima de letra de bossa nova.
Se ainda não foi, outras chances virão, outros verões. E é por isso que nascem as canções, afinal quem não gosta de céu, de sol, de mar, de luz, do barquinho, do amor tranquilo e eterno.