Beco sem saída

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Ind Automobilística I

O atual governo cometeu tantos erros, com frequência de natureza primária, na criação e condução da política econômica que agora, quase na metade do quarto ano de mandato, algumas atitudes não podem ser tomadas sob o risco de criar novos problemas para a economia do país. Seria até engraçado se não fosse totalmente patético.

O exemplo do setor automobilístico é emblemático. No começo da crise econômica mundial, ainda durante o segundo mandato do presidente Lula, o ministro Mantega adotou medidas para proteger a economia dos problemas globais, na chamada política anticíclica. As pessoas físicas receberam incentivos ao consumo, enquanto que as pessoas jurídicas tiveram redução de impostos e desoneração da folha de pagamentos.

Não foi por acaso que a indústria automobilística foi a grande beneficiada naquele momento. É a maior cadeia produtiva do país, pois temos as matérias-primas para a produção do aço, da borracha e do plástico; temos parque industrial para os produtos semimanufaturados, e temos todas as grandes montadoras mundiais instaladas no país. Somos plataforma para exportação para a América Latina. Todo o transporte de carga é baseado em caminhões e estradas de rodagem e, no imaginário da população, o automóvel permanece como um símbolo de status.

Como costuma acontecer desde o governo passado, as medidas seguem o rumo certo, mas são tomadas sem qualquer planejamento e com os olhos voltados para a eleição seguinte.

O que temos agora:

Ind Automobilistica II

Em função da inflação quase extrapolando o teto de tolerância do programa de metas, motivada por elevadas despesas do governo e choques externos, a taxa de juros subiu, inviabilizando os financiamentos longos para a compra de caminhões e carros. Os juros mais altos levam os bancos a reduzir o volume de crédito, com receio da inadimplência. Queda nas vendas. As despesas sempre crescentes do governo levaram à retirada do incentivo, via redução de impostos nos preços dos automóveis. Afinal, é preciso receita para cumprir a meta (por sinal, baixa) do superávit primário. O mesmo acontece com a desoneração da folha de pagamento, interrompida. Queda nas vendas.

Na política externa, privilegiou-se parceiros reconhecidamente fracos em termos econômicos e comerciais. Com graves problemas, a Argentina e a Venezuela reduziram em quase 60% as importações feitas do Brasil, elevando os estoques nas nossas montadoras e derrubando ainda mais a combalida Balança Comercial, que por sua vez afeta fortemente o Balanço de Pagamentos. Queda nas vendas.

Esse problema reduz os investimentos externos do setor que, em um círculo vicioso, afeta o Balanço de Pagamentos.

A arma do setor para pressionar um governo fraco é sempre a mesma: ameaça de demissões. Há etapas que já estão sendo cumpridas como férias coletivas, reduções da jornada de trabalho, dispensa remunerada que onera o governo pois este assume parte dos salários, utilização do banco de horas e por fim, o pior. O setor não quer perder operários qualificados e bem treinados, mas os empresários já estão fazendo as contas.

Além de não querer ter desemprego neste emblemático setor, até por causa da formação política do ex-presidente Lula, há uma corrida pelo labirinto das bobagens perpetradas, em busca de alguma solução que evite demissões pelo menos até outubro. Quanto ao PIB, é de se esperar que haja fortes reflexos, pois as quedas de venda e produção em relação a 2013 já estão em dois dígitos.

O que poderia ser uma conversa com soluções difíceis, mas com alguma viabilidade, se tornou um problema muito maior do que se imaginava, em termos políticos e econômicos.

O que fazer? Só mesmo mudando o técnico e o time.

 

 

 

 

 

 

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