Bola quadrada

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brasil e alemanha

Falta uma rodada para o fim do campeonato brasileiro de futebol de 2014 e o ano se encerrará melancólico para o esporte. No torneio, a má qualidade técnica se reflete na média de faltas e passes errados por partida, altíssima; na quantidade de lances polêmicos com juízes e auxiliares, mostrando o descaso de se habilitar bons árbitros por parte dos dirigentes; nas idas e vindas de julgamentos do STJD demonstrando as pressões políticas no esporte; na quantidade de clubes com salários atrasados, e no ininterrupto troca-troca de técnicos. Tudo isso somado dá a medida de onde estamos de maneira geral, quando tivemos a chance de virar o jogo do esporte mais popular do país.

Esse poderia ser “o” grande ano de recuperação total do nosso futebol e nem me refiro tanto ao que é jogado dentro de campo, mas sim à organização. Fomos sede de uma Copa do Mundo controversa, com perguntas até hoje sem resposta, e que pouco contribuiu para a evolução do país que mais contabiliza vitórias nesse torneio.

O fator que se sobressaiu, é claro, foi a eliminação com um vexame inédito diante da Seleção da Alemanha, agravado por ter acontecido diante da torcida que começava a se empolgar com a competição e com o time.

Mas vejam, nossos juízes e auxiliares (para mim, eles sempre serão bandeirinhas; esse negócio de nomenclatura politicamente correta é muito chata mesmo!) não aprenderam nada, isto é, mais do que polêmicas, suas atuações são pífias eas arbitragens que não são polêmicas e continuarão assim, pois nossos dirigentes não aproveitaram a ocasião para uma troca de experiências e contratação de profissionais que elevassem o nível físico e técnico do nosso quadro de arbitragem.

É claro que a Copa do Mundo está cada vez mais polêmica em diversos aspectos, mas é fundamental reconhecer que em termos de organização foi reconhecidamente bem-feita. Porém, não soubemos aproveitar nada. Mais uma vez encerramos a temporada com times fazendo jogos a cada 48 horas, com quatro a cinco horas de voo entre os locais das partidas. Quando aprenderemos? Tivemos mais uma ano com campeonatos regionais inúteis para manter o cabresto político das eleições nas federações e na confederação. Haverá um dia alguma maneira de se pensar com profissionalismo?

Nas décadas de 1970 e 1980, construímos estádios pelo país todo que se deterioraram e se tornaram deficitários. A Copa do Mundo poderia ter sido planejada para recuperação dessa infraestrutura e readequação das instalações. Não. Agora temos novas “arenas” e para viabilizá-las parcamente, times grandes do Rio e São Paulo, atrás de mais algumas dezenas de milhares de reais, se deslocam para Manaus, Natal, Cuiabá, para jogos do campeonato, penalizando suas torcidas. E o custo dessas arenas permanece em discussão. O escândalo com as empreiteiras chegará lá, tenham certeza.

Os negócios que giram em torno do futebol e da paixão das torcidas alcançam bilhões de dólares todos os anos, e aqui a evolução é contínua, necessária e até certo ponto boa, não fosse o amadorismo dos clubes, que acaba se refletindo nas relações frágeis entre os que fazem o espetáculo. Não existem “freiras” no mundo dos negócios, mas uma profissionalização reduz falhas, apara arestas e torna o resultado melhor. Uma reunião de patrocinadores, dos meios de comunicação e de dirigentes do mundo todo em um torneio como a Copa do Mundo poderia render frutos duradouros aos nossos combalidos clubes que vivem de venda antecipada de cotas da televisão e de jogadores que vão embora perto dos dezoito anos de idade. Mas não, nenhuma parceria, contrato, cooperações, ou qualquer tipo de associação foi anunciada ou percebida e nos mantemos no desvio do dinheiro do esporte.

Em campo, taticamente, nossos “professores” tiveram a ousadia de dizer que nada de novo foi trazido. Isto é, melhor ficar ao lado de Felipão e Parreira e concordar com a tese do “apagão” do que “se mexer e se modernizar”. Fechamos o ano sem ganhar nenhum torneio continental, sem apresentar inovações táticas e jogando aquelas ininterruptas bolas altas nas áreas adversárias, privilegiando jogadores de pouca habilidade e muito físico.

A Copa do Mundo foi um desperdício por aqui. Imagina nas Olimpíadas!

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