Calor no coração

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 LinkedIn 0 Email -- 0 Flares ×

Verão I

No Rio de Janeiro, bem que a primavera poderia mudar de nome para “pré-verão”. É quando a cidade começa os preparativos para a estação em que se exibe com seu brilho mais intenso. As pessoas começam a se preocupar com o corpo, com a moda, com as novas gírias, os novos points e tudo se transforma. Por aqui, sem dúvida, o verão é um espetáculo de cores, gente, agito, e festa, muita festa. Mesmo que a Prefeitura sempre tente atrapalhar. É a estação do ano.

Quando moleque e adolescente, verão era sinônimo de férias, o que simplesmente era o máximo: praia, de manhã e à tarde; frescobol e futebol; paquera e namoros; de colchão na Praia de Dentro. Os verões, na verdade, definiam todo o ano: como o da Lata, como o da música Menino do Rio, como aqueles do Pier de Ipanema (que não vivi), e outros tantos.

A primavera, mesmo chuvosa, serve para dar o pontapé inicial no bronzeado. É simplesmente inaceitável para quem deseja estar na moda chegar no verão e ostentar o tom vermelho-pimentão no primeiro dia de sol forte.

IMG_2348

O Rio de Janeiro é uma cidade unissex e tudo que as meninas procuram os meninos também fazem, uns de forma discreta, outros nem tanto. Mas o verão é para todos e não admite exceções.

Nos últimos anos tenho percebido uma mudança de comportamento. Apesar do horário de verão, as noites ficaram mais longas, as festas começam depois da meia-noite e prosseguem até pouco depois das sete da manhã. Parece até Punta del Este: a praia fica lotada de tarde. A diferença é que lá há muito mais dinheiro!

Uma das características que considero mais atraentes na melhor estação da cidade é a propensão que seus habitantes passam a ter para manter relacionamentos, os chamados “amores de verão”. Eles são deliciosos, sem compromisso e com um imenso contato de corpos. Em São Paulo, cujo verão é bom no Litoral Norte, costuma-se dizer que “ amor de verão não sobe a serra”, ou melhor, nasce e morre na praia.

Infelizmente, temos que encarar a realidade. Estamos no Rio de Janeiro e a maioria das praias apresenta qualidade de água imprópria para o banho de mar há 40 anos. O trânsito se torna ainda mais infernal, os preços atingem dimensões estratosféricas, tudo fica mais caro até do que na Riviera Francesa. Só que lá não há falta de água, enquanto aqui…

Mas onde mais encontraríamos um pôr-do-sol como aquele que se vê da Pedra do Arpoador? Onde poderíamos apreciar uma legião de mulheres maravilhosas que brotam da areia a cada ano? Onde mais se veriam tantas pessoas de tantos lugares do mundo se entendendo de maneira tão divertida? E principalmente, em que outro lugar do mundo, todos – eu disse todos – desfilam pelas ruas com tão pouca roupa por mais de 120 dias?

E assim é o verão carioca – deslumbrante. Pena que em seu rastro também cheguem a dengue, as enchentes, os desabamentos, as mazelas provocadas pelo desvio de recursos e tudo mais que faz parte dessa encantadora paisagem há tantas décadas.

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 LinkedIn 0 Email -- 0 Flares ×

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *