Pulando 2014

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Pulando 2014

O calendário não ajudou. A incompetência e as mentiras do governo potencializaram as dificuldades. E a seca coroou os problemas já conhecidos. Na prática, 2014 termina antes da Copa do Mundo e já nos leva a pensar em 2015 que será um ano longo, penoso e de poucos resultados.

Não há o que fazer. O “carro” da economia está sem piloto, sem freio e sem direção, mas não haverá catástrofes, só um trabalho insano de anos para consertar os estragos.

A seca como ponto final dos problemas estruturais levou a inflação para o teto da tolerância da meta. Não há espaço para reajuste dos preços administrados que serão feitos em 2015. Logo uma retração da economia seria a receita para recomposição de tarifas, preços da gasolina e diesel e os já famosos reajustes da energia elétrica. A atual estratégia é tentar não deixar estourar os 6,5% agora. No próximo ano se pensa depois. Os candidatos sabem do problema e fizeram algumas promessas difíceis de cumprir. As projeções para 2015 são de uma inflação de 6%, que oferece muito pouco espaço para “acidentes” que sabemos que acontecem.

O crescimento da economia em 2014 ficará entre 1% e 1,5% dependendo da situação da energia elétrica. Essa é a chave. A indústria terá desempenho pífio conforme já adiantamos por aqui. A agricultura dará importante contribuição e serviços são uma incógnita. O governo torce pela nova metodologia de avaliação da indústria a ser implantada este ano pelo IBGE. Para 2015, com a incógnita da energia e dos ajustes a serem feitos, as projeções variam entre 1,5% e 2,5% de crescimento. Qualquer que seja o indicador, será o quinto ano consecutivo de crescimento ruim.

As contas públicas estão em estado lastimável. O superávit prometido de 1,9% do PIB será alcançado somente se o governo conseguir calibrar um aumento de impostos que dê resultado ainda este ano. Mesmo assim, depende dos gastos com energia elétrica ainda não quantificados, e torce por um mínimo de responsabilidade dos governadores que estão lutando pela reeleição. Enfim, é um cenário que não poderia ser mais adverso! Ajustes para 2015 serão fundamentais, pois crescerá muito o risco de um rebaixamento do grau de investimento. Qualquer que seja o governo eleito, ele deverá lidar com “ralos” que precisam ser fechados. Isso costumar ser encarado com antipatia, mas no primeiro ano de governo é possível de superar. Espera-se que o ajuste seja bom e único.

As contas externas seguem na toada de fecharem com déficit em torno de 3,6% do PIB. Foi assim nos últimos três anos e este não será diferente. Os investimentos estrangeiros diretos não cobrirão o rombo e mais uma vez dependeremos de empréstimos. Quando o FMI, o FED e a S&P fazem seus comentários, o governo não gosta. Para 2015 o único aspecto que muda é a credibilidade, hoje em falta, que precisa ser recuperada e com isso afastar problemas graves que se avizinham.

Petrobras e Eletrobras são um capítulo a parte. Colocá-las de volta nos eixos será uma tarefa que misturará finanças, política e oportunidade. A primeira deverá encontrar uma solução mais rápida, pois tem potencial que começa a trazer resultados. A segunda está em situação crítica e precisará de aportes do Tesouro Nacional.

Esses são, de forma muito superficial, os principais problemas da economia brasileira que se desdobram em diversos outros. Não será tarefa fácil recolocar diversas coisas nos trilhos, e requererá principalmente vontade política e desprendimento de imediatismos, característica que não vejo em ninguém atualmente.

O que tenho certeza, é que algo precisa ser feito de maneira urgente. Nossos passos para perder o grau de investimento estão dados. Interrompê-los é possível, mas isso não se faz em um ou dois meses. Deve começar agora e seguir pelos próximos doze meses. Que 2015 trepidante nos aguarda!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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