Tudo em gotas 6

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Brazil's President Dilma Rousseff and Finance Minister Guido Mantega attend a signing ceremony for the expansion of tax credit for Brazilian States at the Planalto Palace in Brasilia

Já comentei aqui sobre as privatizações da era PT, quase uma piada, de mau gosto, claro (Privatizações à moda da casa). Depois, falei das seguidas coincidências sobre as vitórias do mesmo grupo, Odebrecht Transport, em vários leilões (Tudo em gotas 2). E aí surge uma combinação deste que é o mais criativo dos governos. Em uma só operação, enganam duas vezes. O BNDESPar adquire por um bilhão de reais 10,6% do capital da Odebrecht Transport, seguindo com a política nefasta e fracassada de “campeões nacionais”. Conclusão: o aeroporto do Galeão volta a ser estatal, somando-se a esta participação adquirida os 49% que permaneceram com a Infraero. Uma coisa é de se tirar o chapéu, são criativos!

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Ao final de 2013 o governo tirou da “cartola de maldades” duas medidas tributárias. A primeira, já velha conhecida da antiga classe média, mas para classe média criada a partir de muito consumo o truque foi sujo, e percebeu que não é fácil mudar de classe; o reajuste abaixo da inflação da tabela de cálculo do Imposto de Renda na fonte foi um desses golpes típicos dos tempos de Delfim Netto. Em termos práticos, o assalariado vai recolher mais imposto mesmo que seu reajuste seja igual à inflação, isto é, imposto sobre o que também está se desvalorizando. Quanta criatividade! A segunda medida é aquela de “tirar o bode da sala”. Não conseguindo frear o consumo dos turistas brasileiros no exterior, o governo cercou e taxou em 6,38% todas as maneiras de se adquirir moeda estrangeira de maneira legal sem pagar IOF. Primeira consequência: reativa o combalido mercado paralelo. Segunda consequência: o comercio nacional reajusta preços, pois o consumidor pode voltar a comprar por aqui. Em tempo, ainda continua muito mais barato comprar tudo em Miami.

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Conforme já adiantado em Tudo em gotas 5, o governo teve um superávit primário recorde em novembro graças à arrecadação extra de 35 bilhões de reais, proveniente do Refis e do bônus do Campo de Libra. O superávit foi de 28,85 bilhões e ficou aquém das projeções, que eram de R$ 32,0 bilhões. Parte da receita foi perdida na inútil tentativa de segurar a cotação do dólar, que custou nove bilhões de reais. Em dezembro o governo conseguiu novo superávit primário graças a receitas extraordinárias do Refis e cumpriu  a meta de 73 bilhões no ano. O anúncio foi antecipado em uma tentativa de “acalmar os nervosinhos” como disse o ministro Mantega. Vale lembrar que sem as receitas extras o governo teria um superávit de 40,0 bilhões de reais, e aí veríamos alguém “nervosona”

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O Palácio do Planalto comunicou que a presidente Dilma irá ao Fórum Econômico Mundial, em Davos na Suíça. A estratégia é se mostrar ao mercado financeiro e tentar recuperar o terreno perdido na credibilidade das contas públicas. Nos doze anos de governo PT, o Brasil esteve presente em 2003, 2005, e 2007 com o presidente Lula, que não pôde comparecer em 2010 por problemas de saúde. A atual nunca foi. O gesto pode ser bem visto, mas é tardio e, até certo ponto, patético.

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O último leilão de concessão de rodovias de 2013 foi realizado em 27 de dezembro, com vitória do consórcio Invepar, composto pela Construtora OAS e fundos de pensão estatais. O trecho de 936 quilômetros que vai de Brasília a Juiz de Fora foi o mais disputado. Seu trafego é intenso e há reais perspectivas de que aumente. O deságio atingiu 61% do teto proposto pelo governo e foi um sucesso. Todos esses investimentos terão retorno a partir de 2015, diferentemente do que é propalado pelo governo, que teria reflexos no PIB de 2014.

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Em mais um discurso em que a presidente Dilma fala meias-verdades (vide Blá blá blá), ela afirma que terminamos o ano melhor do que começamos. Só para lembrar à presidente: não houve superávit comercial (foi necessário que a contabilidade criativa entrasse em campo mais uma vez); o déficit externo é recorde; a inflação permaneceu a mesma e alta; o dólar subiu; os juros subiram, e o PIBinho continua. Isso tudo não foi somente em 2013. É um processo que vem sendo “construído” com muita incompetência pela sua equipe há cerca de três anos. Ah, não podemos esquecer! Presidente, ganhamos a Copa das Confederações!

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O BNDES tem uma verdadeira coleção de esqueletos provenientes dos chamados “campeões nacionais” do governo Lula. Desta vez foi perdoado o Marfrig, grupo que processa e distribui carne suína, bovina, avícola e ovina. O banco adiou um recebimento de 2,17 bilhões de reais de junho de 2015 para 2017 e deu mais seis meses para o pagamento de juros de 165 milhões. O grupo deve um total de 6,17 bilhões de reais e vale em Bolsa 2,1 bilhões. Quando será que alguém conseguirá colocar no banco dos réus toda a diretoria do BNDES, bem como seu corpo técnico? Análises como essas são absolutamente inadmissíveis.

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