Um par

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Sou monogâmico! É provável que tal declaração suscite algumas respostas do tipo “dane-se”. Nenhum problema. Não faço apologia e nem tenho nada contra quem não é, com uma pequena ressalva: bigamia é crime!
— Então o que este cretino está dizendo? – alguns poderão questionar.
Em tempos de relacionamentos à distância, virtuais, velocíssimos, de filas que andam, de noites em que se beijam por dezenas, posso parecer um anacronismo ambulante, praticamente uma aberração. Isso também não me incomoda. Quando me declaro monogâmico, me coloco em oposição àqueles que costumam manter relacionamentos paralelos e clandestinos, junto com o oficial. Ou seja, o clássico modelo “matriz e filial”. Não estou falando daquelas traições que levam à separação do casal. Refiro-me a uma coisa mais latina, esse comportamento de sempre desejar o (a) próximo (a) que não seja o seu. Eu definiria como poligamia essa propensão a ceder ao desejo sexual.
Fui casado por dezenove anos e achei muito bom. E se casar de novo, serei mais uma vez monogâmico. Parto do princípio de que se leva uma vida inteira para conhecer e amar uma pessoa – e o sexo faz parte do que há para conhecer. Logo eu não conseguiria conhecer duas ou mais. Seria algo feito sem afinco, sem dedicação, sem a devida atenção e respeito que o outro merece. É uma particularidade minha: declaro que só sei amar, conhecer e satisfazer uma pessoa por vez.
Aqueles clichês tão desgastados sobre companheirismo, cumplicidade, apoio e tantos outros, substituo no meu modo de entender por noções como conhecer, respeitar e amar demais.
Num relacionamento a dois, existem momentos difíceis em que a pessoa a seu lado atravessa uma fase complicada, podendo se tornar repetitiva, introspectiva, ou pior, alheia. São ocasiões como essas que põem a teste todo o conhecimento, o entendimento do comportamento do parceiro. E, pelo que pude constatar, o aprofundamento criado pelo relacionamento monogâmico é, nessas horas, muito compensador. Houve momentos em que, efetivamente, contribuí para que minha ex-mulher superasse fases difíceis. Nunca esperei agradecimentos ou bajulações. Minha felicidade era ver que ela conseguia voltar a ser, mais uma vez, a pessoa que eu amava. Por mais que seja importante a presença e o apoio dos amigos e dos familiares, eles nem sempre podem oferecer o mesmo suporte que aquela pessoa que, por sua livre vontade, decidiu conhecê-lo, amá-lo e respeitá-lo.
Nos tempos atuais, onde imperam os amores “líquidos”, relacionamentos múltiplos e inseguros, voltou à moda se manter casado por muitos anos. O medo da solidão, do desconhecido, fez com que muitos preferissem o sexo sem graça, mas seguro, à incerteza.
Depois de muitos anos de separação, com apenas algumas relações superficiais aqui e ali, sem comprometimento maior que o respeito mútuo, mantenho minha opinião sobre a monogamia.
Não a acho monótona. Não a acho sem graça. Não a acho limitadora. Essas características pertencem às pessoas, e se elas forem assim, tenho certeza de que não há mesmo solução para nenhum outro tipo de relacionamento.

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Sem comentários

  • Wilker disse:

    Gostei: “…se leva uma vida inteira para conhecer e amar uma pessoa […] eu não conseguiria conhecer duas ou mais. Seria algo feito sem afinco, sem dedicação, sem a devida atenção e respeito que o outro merece.”

  • Lubiashi Bublanski disse:

    “Houve momentos em que, efetivamente, contribuí para que minha ex-mulher superasse fases difíceis. Nunca esperei agradecimentos ou bajulações. Minha felicidade era ver que ela conseguia voltar a ser, mais uma vez, a pessoa que eu amava.” Achei arrogante e prepotente essa afirmação. Pelo jeito vc se acha. Ou sua ex-mulher nunca contribuiu para SUAS fases difíceis? Ou vc nunca percebeu que sua ex-mulher ficou feliz por VOCÊ voltar a ser A PESSOA QUE ELA AMAVA? Talvez seja por isso que hoje ela é sua ex. Um relacionamento bem sucedido é de mão dupla, reconhecimento e valorização do outro tem peso. Pense nisso.

  • Denise Argemi disse:

    Também sem fazer apologia à monogamia, pois cada uma escolhe o próprio chapéu, há de ser tempo para dividir o próprio sentimento, sem consultar a agenda. Eu não poderia porque não costumo ler os meus dias.

  • terezinha camara disse:

    Belíssimo texto. Compartilho de seu modo de ver o amor,tbm fui casada por 20 anos, esses valores foram edificantes para que nós vivessemos bem. Hj separada e vivendo amores fugazes . Mas alimentando a esperança de um dia encontrar alguém disposto a construir uma relacão da forma que acredito.

  • Mariane Almeida disse:

    Concordo em gênero, número e grau, vivemos sim a era dos amores líquidos. Rejeito tbm esse gosto pelas múltiplas opções. homens e mulheres são assediados diariamente e ponderar reflete um caráter firme. Não é prq vivemos conflitos que devemos ser levianos com algo tão lindo – o amor. Sou e sempre serei fiel como um cão, ainda que meu amado não corresponda. Amá-lo foi minha escolha, reciprocidade é conquista diária.

  • Graça disse:

    É como penso também…
    Obrigada por compartilhar!

  • Kenia disse:

    Perfeito!

  • Sil disse:

    Plenamente realista, perfeito, expressão da minha convicção. ..Parabéns

  • Madalena Teixeira disse:

    “UM PAR”, real, consciente, verdadeiro. simplesmente perfeito a meu ver.

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