Ficou para 2016

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Ficou para 2016 IV

Foram-se o Rock ‘n’ Rio, a Jornada Mundial da Juventude, e a Copa do Mundo e nesses últimos três anos centenas de milhares de turistas circularam pela cidade. Tudo correu a mil maravilhas, a se confiar nas palavras da presidente Dilma Rousseff e do prefeito Eduardo Paes. Continuamos sem saber onde foram parar as vigas da Perimetral. Ficamos estarrecidos ao ver a via Binário (alternativa para a avenida Rodrigues Alves) inaugurada sem bueiros e se transformando em lagoa na primeira chuva. Acho melhor nem mencionar a situação do Engenhão. Isso já entrou para o anedotário da bem-humorada, paciente e às vezes descompromissada população carioca.

O tempo passou, olhamos em volta e constatamos que nenhuma obra foi concluída! Quer dizer, temos o Maracanã renovado. O interior do estádio está pronto, mas seu entorno ficou para 2016, por ocasião das Olimpíadas. É aí que quero chegar. Parece-me que todas as obras foram empurradas com a barriga para a data mágica de 2016. Enquanto isso, nossas autoridades-empreiteiras ou empreiteiras-autoridades (tudo é uma questão de ângulo), terão mais vinte meses de prazo, com direito a aditivos e preço, e claro, de poder. Tudo continua quebrado. Em alguns bairros, para se andar três quarteirões de carro percorrem-se seis, de tantas vezes que viramos à esquerda e à direita na tentativa de cobrir um percurso curto em linha reta. A pé é mais fácil e rápido, alegam os otimistas. Mas pode ser perigoso, argumentam os pessimistas. Ambos estão certos.

Ficou para 2016 I

A recuperação fundamental da mobilidade urbana foi postergada para 2016 e até lá sofreremos bastante em nome de uma boa causa. Mas já sabemos de antemão que outras promessas ficarão no papel. A baía de Guanabara, por exemplo, não será despoluída apesar do dinheiro emprestado e dos discursos. O que me chateia é que será muito difícil encontrar outras oportunidades para recuperar um dos cartões postais da cidade. A desfaçatez com que se adiam prazos, a falta de vergonha com que se reajustam preços de obras e a falta de civilidade com que se atrapalha a vida de pessoas e empresas, é assustadora. Falo do Rio de Janeiro pois vivo aqui, mas quando morei em São Paulo, nada era muito diferente, o que deve também ocorrer pelo resto do país.

Costumo reclamar da indiferença manifestada por boa parte da população carioca diante do descaso do poder público e de seus protegidos. Acho que eu já deveria ter passado da idade de me indignar – devo admitir que para muitas coisas nem tenho mais vontade de protestar. Mas quando o assunto diz respeito a salários e benesses que são pagos por mim, tenho ganas de espernear.

Será que nestas eleições alguém vai se lembrar de tudo isso na hora de escolher seus governadores e deputados ou seguiremos bebendo todas as pesquisas para presidente e esquecendo que também temos governantes locais? Todas as escolhas são fundamentais, mas elas devem ser coerentes com que o queremos, o que podemos e o que sabemos que conseguiremos.

Espero que os habitantes da minha cidade e do meu Estado saibam como votar. É importante lembrar que a dramática situação da mobilidade na capital do estado é apenas um reflexo do total desprezo dos governantes pela sua população. Se na capital está assim, só posso imaginar como anda a situação no interior fluminense, tradicionalmente negligenciado.

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