O problema de energia que o governo vem enfrentando seria menor se a sede de poder e arrogância não fossem tão grandes e se houvesse um planejamento mais cuidadoso. Vamos recuar somente até setembro de 2012, às vésperas do início da campanha para prefeitos e vereadores. A presidente Dilma, em cadeia nacional, determinou unilateralmente, com um sorriso no rosto, a redução das tarifas de energia elétrica. Ela contrariou os pareceres técnicos que na época referiam-se às dificuldades com o período de chuvas e à necessidade de manter as termoelétricas trabalhando, gerando energia mais cara, e cuja conta ainda não tinha pagador definido. Ela impingiu renovações de concessões que trouxeram imensos prejuízos à maior estatal (Eletrobrás) e enxugou seu caixa. Por fim, perdeu a queda de braço com as distribuidoras de energia elétrica e, sem muito alarde, modificou a MP579 abrindo mais espaço para a indenização por ativos. Com essa medida, as indústrias, o comércio e o consumo residencial tiveram em média uma queda de 14% nas tarifas.
O objetivo eleitoral foi alcançado. Os objetivos técnicos e econômicos, não. A inflação não recuou; a atividade industrial não deslanchou com custos menores, e o Tesouro Nacional desembolsou 9,7 bilhões de reais para cobrir os custos da energia gerada pelas termoelétricas que permaneceram em operação durante todo o ano de 2013.
O regime de chuvas em 2012 e 2013 foi abaixo da média. O consumo, porém, permaneceu dentro da média. Ou seja, entramos em 2014 com déficit nos reservatórios das usinas hidrelétricas e já se sabia que pelo menos até a Copa as termoelétricas ficariam ligadas. O que não se esperava eram temperaturas tão elevadas nos dois primeiros meses de 2014 nas áreas de maior consumo, junto com um regime de chuvas muito abaixo da média nessas regiões. O sistema vem trabalhando no limite, com as termoelétricas a pleno vapor. Há uma expectativa imensa pelas águas de março, saudadas pelo maestro Tom Jobim.
Em termos econômicos, o desastre também é enorme. Mencionei que foram gastos em 2013 9,7 bilhões de reais em subsídios para que o consumidor não pagasse pela energia gerada de óleo combustível. Ao compararmos esse gasto com o superávit de 77 bilhões apresentado pelo governo podemos observar sua importância.
Em 2014 as termoelétricas permanecerão ligadas mais uma vez o ano todo, só que com agravantes: 1) o óleo combustível foi adquirido da Petrobras com o dólar médio cotado a R$1,97 em 2013; este ano se espera um dólar médio de R$ 2,40, cerca de 20% mais caro; 2) a inflação que o governo previa mais baixa em 2013 sem o reajuste de energia elétrica, foi de 5,9%; se houver reajuste terá que ser muito aquém do necessário para remunerar o sistema de geração, transmissão e distribuição. Isso deve gerar mais subsídios do governo; 3) finalmente, quando o governo editou a MP579, nela estava previsto além do reajuste de contrato, mais 1 a 2pp de reajuste para pagar o subsídio de 2013, e isso não pode acontecer com risco de estourar o teto da meta de inflação. Ou melhor, teremos o subsídio do subsídio!
Especialistas da área de energia e técnicos em contas públicas estimam em 18 bilhões de reais os gastos para o Tesouro Nacional, a partir da irresponsabilidade de 2012. Para obter o mesmo superávit de 77 bilhões, o governo tem que arrumar mais nove bilhões que serão lançados ao ralo.
Ainda falta bastante tempo para o sábado de Aleluia e por isso podemos escolher com calma quem malhar na ocasião: o ministro Mantega, que se equilibra no cargo; o ministro Lobão, da cota de Sarney, o que já é currículo suficiente, ou a presidente Dilma, economista, especialista em energia, teimosa e muito fraca em uma matéria, o tal do planejamento.
É isso aí Chicão, esse é a administração petista, tudo para ganhar a eleição, imagine esse ano que é para presidente. estamos ferrados. abraços
Ok, só não sei quem é Chicão, mas valeu por ter lido e dado sua contribuição.
Abs