É repetitivo, eu sei, mas é um número muito importante da nossa economia. O mês de janeiro tornou a ser um tormento para a Balança Comercial. Até o dia 24, acumulava-se um déficit de 3,65 bilhões de dólares e nesta última semana foram mais 1,6 bilhões. A média está alta demais. Em 2013 o mês de janeiro fechou com déficit de 4,05 bilhões. Poderemos ter o pior janeiro desde 1994, data em que os dados passaram a ser computados desta forma. Na pesquisa Focus se espera um superávit de 8 bilhões de dolares e o governo trabalha com 10 bilhões. Estas expectativas são em função da alta do dólar que deve principalmente inibir as importações. Minha projeção é de que não alcancem nem os 8 bilhões.
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A pesquisa Focus desta semana foi particularmente pessimista. Quanto à inflação, mantiveram a expectativa de 6% para 2014 e subiram para 5,7% (anterior 5,6%) para 2015. Para os juros de 10,75% aa na semana anterior para 11% aa para 2014, e finalmente para o PIB de 2014 saiu de 2% na semana anterior para 1,9%, e para 2015 de 2,5% para 2,2%. Previsões azedas. Ainda é cedo demais para saber se estas projeções se concretizarão, mas o mau humor me parece grande neste início de ano.
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A Confederação Nacional da Indústria divulgou que o desempenho de dezembro foi o pior desde 2010 para o setor industrial. Isto quer dizer que o setor industrial continuará a prejudicar o desempenho da economia brasileira. O PIB do quarto trimestre pode mais uma vez decepcionar. O pior desempenho veio das grandes indústrias e isso pode preocupar demais o governo em ano eleitoral. Podem vir incentivos novos.
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Em 2013, o governo bateu novo recorde de arrecadação. O total foi 1,13 trilhão de reais, mesmo assim o projeto para o superávit primário, 1,9% do PIB não deve ser atingido. As desonerações chegaram a 77,8 bilhões mas não conseguiram ajudar a economia a crescer. No total, entre as diversas receitas extras, o governo arrecadou 40 bilhões de reais. Para 2014, as expectativas são de que as desonerações não cheguem a 35 bilhões, mas não haverá receita extra. Ainda não há uma previsão de arrecadação, prometida pelo governo para fevereiro. A situação fiscal é a que mais preocupa economistas e analistas nacionais e estrangeiros em relação ao país.
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No Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a presidente Dilma fez um discurso muito mais próximo aos pensamentos do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, do que do desgastado ministro Mantega. No entanto, ainda é cedo para dizer que em ano eleitoral esse governo será ortodoxo com a inflação e a política fiscal. Permaneço cético.