Reza a lenda que o boxeador Muhammed Ali estaria dizendo a frase “Get up and fight!” (levante-se e lute!) para seu oponente, Sonny Liston, tombado na lona, numa imagem que se tornou icônica, feita por John Rooney para a Associated Press. Fazem exatos 50 anos que essa luta aconteceu, liquidada no primeiro round, uma final entre pesos-pesados. Ali com certeza sabia do que estava falando. Ele mesmo nunca parou de lutar.
O fato é que todos os dias, cada um de nós está travando uma batalha mais ou menos secreta, enquanto atravessa a rua, viaja num ônibus lotado, janta num restaurante caro, fuma um charuto, entra na fila do cinema, dá boa noite para o porteiro. Cada um de nós, às vezes com uma ínfima probabilidade de sucesso.
Combate-se diariamente:
a falta de amor
o desemprego
o dinheiro curto
a falta de crédito
uma doença
o isolamento
o relógio
o esquecimento
o medo
a acachapante realidade
a saudade
a balança
as dúvidas quanto ao futuro
uma dor com nome ou sem nome
o desconhecido, o desconhecido, o desconhecido
Lutar é inerente à condição humana, com maior ou menor grau de entusiasmo. O que eu gostaria de saber é o que faz você levantar da lona e insistir em lutar, mesmo tendo todas as chances de encarar de novo um desmoralizante e violento gancho de direita?
É uma paixão?
um sonho?
um projeto de vida?
uma pessoa amada?
uma convicção?
um credo?
uma família?
uma imensa e incurável teimosia?
ou é apenas a força do hábito?
Adorei “o desconhecido, o desconhecido, o desconhecido”, acrescentaria apenas – o desconhecido. Essa é constante prq está em nós e fora de nós. Ler vcs me faz descobrir a mim. Obrigada.
Uma imensa e incurável teimosia. Fico com esta!
Jornalistas americanos disseram que foi essa frase mesmo que ele teria falado.