A cada três meses o Banco Central divulga um relatório sobre a inflação presente e as expectativas para os próximos doze meses. É parte do conjunto de atividades do Programa de Meta de Inflação, adotado pelo país desde 1999. Junto com o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda, que respondem respectivamente pelas políticas fiscal e cambial, através da política monetária o BC procura atingir uma meta pré-estabelecida de taxa de inflação.
Atualmente, essa meta é de 4,5% aa com tolerâncias de até dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Nos últimos três anos — 2013 será o quarto ano consecutivo — o governo não consegue alcançar a meta e fica na faixa de tolerância de dois pontos acima do centro.
No relatório divulgado na última segunda-feira (30 de setembro) deixou claro que o BC ainda não deu por encerrado seu ciclo de elevação dos juros para conter a inflação. Assim, podemos esperar nos próximos meses mais uma ou duas elevações de 0,25% na taxa básica de juros, pelo consenso do mercado.
Outro ponto fundamental é que a projeção para 2014 não contempla nenhuma redução da inflação. Caminhamos assim para o quinto ano consecutivo de patamares superiores a 5,7% aa, o que fará com que as reivindicações por aumentos salariais se intensifique.
Para 2014, teremos pressão para aumento na tarifa dos transportes públicos; não há mais desoneração a fazer e tão pouco escapatória; deverão ocorrer reajustes no preço da energia, mesmo que o governo diga que em 2012 houve redução, e aumento dos combustíveis. Tudo isso terá reflexos imediatos e futuros na taxa de 2014 e 2015.
O relatório menciona diversos outros números da economia nacional, mas seria uma chatice mencioná-los aqui e não levaria a nenhuma outra conclusão que não seja aquela que desmente o governo.
Não há controle sobre os preços. Os reajustes são praticados como quem fecha torneiras.
Não há controle sobre as contas públicas, e o nível de confiança no país diminui. O risco-Brasil, antes tão propalado, sobe em comparação a nossos pares.
Não há controle da balança comercial e não é por causa do preço das commodities e sim porque fizemos opções erradas, aliando-nos a mercados fracos e pobres.
As concessões de infraestrutura não são a tábua de salvação, dado que as regras são ruins, a segurança jurídica é tênue e o governo anda cheio de caciques e poucos indios.
Para ficarmos só na inflação, em quatro anos ela chegará a 25%. Esse índice, acrescido da escorchante carga tributária, eleva em quase 60% o preço de semimanufaturados e manufaturados em comparação com outros países. E ainda á quem pergunte por que o brasileiro compra tanto quando viaja a Miami, pagando a passagem e o hotel em dez prestações.