Redondas antigas e novas

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Pizzas II

– Oscar, somos 14. Vai com as crianças buscar as pizzas!

Essa era uma das melhores chamados das noites de domingo na casa dos meus avós.

A bordo do Itamaraty dourado, seguíamos até a Cantina Sorrento no Leme para buscar as pizzas para abastecer a multidão que sempre enchia a casa deles aos finais de semana. Meu irmão e eu, no banco de trás, achávamos o máximo acompanhar meu avô nessa incursão dominical, acompanhando as manobras do pizzaiollo do alto de cadeiras. Ele, por sua vez, aproveitava a escapada de casa para fumar, pois estava proibido, e para tomar um chope escuro olhando o restaurante encher, beliscando alguns pedaços de linguiça calabresa. As caixas empilhadas no chão do carro e o cheiro que nos invadia é algo que tempo nenhum vai apagar da minha memória.

Em São Paulo, a primeira pizza a que fui apresentado por amigos paulistas foi a da Monte Verde, no bairro do Bom Retiro, lá pelos idos de 1987, pizzaria tradicionalíssimo, já com mais de 30 anos de funcionamento naquela época, com uma característica que me acostumei, massa fina.

Até aquele momento, minha vida era a pizza do tipo napolitana, com massa e bordas grossas, sabores tradicionais de aliche (que não é anchova), calabresa e mussarela.

A partir daquela noite, muita coisa mudou no cardápio. A massa fina permitiu que eu pudesse comer alguns pedaços a mais e explorar as modificações no local onde mais se vende pizza no mundo: São Paulo!

Pizza com catupiry faria meu avô se arrepiar, mas confesso que gosto um pouco, principalmente como preferem minhas filhas, com borda mais grossa recheada com esse tipo de requeijão, que não é queijo e é marca! Em São Paulo, meu pai pedia para irmos a locais onde a massa era mais grossa, e assim, à medida que fui conhecendo a cidade, passei a leva-lo para as cantinas do Bexiga ou na tradicional e maravilhosa Cantina Jardim de Napoli, onde a pizza era a que ele conhecia.

Mas me acostumei até com as pizzas finíssimas, com escarola, ou ainda uma das minhas preferidas na Pizzaria Camelo, à moda, com presunto, champignon e azeitonas, que hoje se chama Palermo.

Ficaria aqui dias falando das pizzarias e das “redondas” que comi em São Paulo, mas só para não deixar de fora um dos divertimentos das filhas, domingo à noite, as famílias com crianças pequenas se encontravam na Cristal, uma pizzaria perto da ponte Cidade Jardim, que entretinha as mais indóceis com pedaços de massa de pizza e nos deixavam comer.

Ao voltar ao Rio de Janeiro, reparei que a cidade se rendeu a uma melhora sensível nos cardápios das pizzarias, além de ter finalmente aderido ao molho de tomate e afastado, pelo menos em alguns lugares, o ketchup e a mostarda das mesas.

Fui a dois ou três locais da cidade e gostei, mas como escrevi aqui em outra oportunidade, a pizza que tem sabor de saudade mesmo é uma que não existe há décadas, da Salada Carioca, na Praça Mauá, que comíamos por pedaço, sentados no balcão com uniforme do colégio São Bento, nos achando muito importantes.

 

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