Tesouro perdido

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Tempo II

O tempo é injusto.

Dê tempo ao tempo.

O tempo é o senhor da razão.

O tempo é incerto.

Cada um tem o seu tempo.

Ninguém é dono do seu tempo.

 

Não percebi quando vivia o melhor momento da minha vida. Descobri que foi um período muito curto aquele que rendeu o maior número de lembranças. Nada pior do que o agora, que é ao mesmo tempo eterno e imprevisível.

O tempo só leva. Leva estado de espírito, juízo de valor, amor verdadeiro, aventura leviana, trabalho fácil ou status. Nada devolve e pode ser que aí se encontre sua beleza e mistério. Nunca volta atrás e por isso acaba sendo desperdiçado com lembranças do que foi, com fantasias sobre o que poderia ter sido e as constatações daquilo que se perdeu sem se perceber.

Nunca tive tempo até ser atropelado por ele, que passou por cima das minhas emoções e carregou o que existia e tudo que havia sido construído.

Na terra arrasada, sobrou tempo para ficar preso ali, com o pensamento paralisado, como se minhas forças tivessem sido levadas pelo vento, um grande amigo do tempo, como diria Erico Veríssimo.

Não quero mais tempo algum. Quero que se esgote o meu para que possa ver alguém mais aproveitá-lo da maneira correta. Tentei trapacear e chegar antes. Quando o tempo certo chegou, o meu estava errado e tudo o que eu era ruiu.

Cansei de ser prisioneiro do tempo. Quando é que vou conseguir saber o momento exato, aquele de sair despercebido, de olhar calmamente pela última vez sem ser observado e julgado?

É hora do tempo daqueles para quem dei algum tempo, mesmo que distraidamente, enganando meu egoísmo.

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