A inflação de abril ficou abaixo da expectativa média do mercado financeiro. É motivo para uma comemoração pequena. Em relação a 2013, a alta é forte e a previsão de vermos o governo muito preocupado é grande. Mas o que precisa ser destacado é que apesar do índice do mês ter ficado em 0,67%, o grupo alimentos apresentou variação de 1,19%. Isto significa que o item que mais chama a atenção da população e que acentua a sensação de custo de vida mais elevado, continua a ser a pedra do sapato do Banco Central. Juros mais elevados parecem não ser a arma ideal neste momento, mas não fazer nada indicaria leniência. Será que o governo reduzirá seus gastos para mostrar que faz algo pela redução da inflação? Acho impossível em ano eleitoral, vide reajuste do Bolsa Família e da tabela do imposto de renda, que não estavam no orçamento. Então é torcer para que tenhamos choques externos “positivos” para reduzir a inflação.
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O Tribunal de Contas da União divulgou parecer em que encontrou “fortes indícios de que a capacidade de geração de energia elétrica tem problemas estruturais para garantir a segurança do sistema”. Não sei o quanto o TCU tem essa expertise, mas é alarmante. O governo rapidamente se contrapôs. O setor privado já está “afônico” de tanto avisar que a possibilidade de racionamento é muito maior do que aquela que o governo apregoa. A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) declarou que não tolerará mais atrasos em empreendimentos de geração. É para rir ou chorar? São atualmente 526 empreendimentos autorizados que não saíram do papel! As agências reguladoras também passaram por aparelhamento, e se foram criadas para aliviar os ministérios e regular atividades de forma mais próxima do setor privado e dos consumidores, hoje são um grupo de pessoas que não faz nada, rigorosamente nada! Aliás, algumas delas se meteram em encrencas. O sistema de energia do país está em uma situação difícil. Desde fevereiro o ministro Edson Lobão não dá declarações. Não sei se é porque ele é ruim ou se não entende do assunto. Fazer o quê?
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O resultado do primeiro trimestre do Banco do Brasil foi um fiasco. Enquanto os bancos privados que reduziram o crédito ao consumidor, reduziram a inadimplência, cortaram despesas e trabalharam melhor com serviços, tiveram crescimento ao redor de 10% no lucro, o maior banco do país e estatal, teve alta na inadimplência, nos custos, e crescimento de 3% no lucro. Ruim para nós pois o lucro do BB, em forma de dividendos vai para o Tesouro Nacional, isto é, para todos nós. Logo, a declaração do ministro Mantega de que gostaria que os bancos emprestassem mais é outra prova de que ele entende muito pouco do que faz, ou entende tanto que não se faz entender pelos pobres mortais. Fico com a primeira opção.
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Conforme adiantado aqui no final de março, a indústria automobilística vive um inferno astral em 2014. Em abril, a produção recuou mais de 21% em relação a 2013. O que preocupa em termos macroeconômicos é o recuo forte na produção de caminhões. Os veículos leves sofrem com a restrição ao crédito, o término da redução de impostos e a queda vertiginosa das exportações para a Argentina. Pediram socorro e o ministro Mantega quer jogar a boia, mas esbarra no Banco Central. Cenas dos próximos capítulos durante a Copa do Mundo, quando ninguém estiver olhando.