Noites de verão

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Todas as estações têm seus encantos. Mas é indiscutível que certas cidades “vestem” melhor determinados períodos do ano, como o outono em Nova York ou a primavera em Paris, capazes de inspirar músicas inesquecíveis. E não há dúvida que é no verão que o Rio de Janeiro vive seus momentos mais sedutores. Não quero falar dos dias de sol, passados na beira do mar. Para mim, as noites de verão no Rio chegam a ser mágicas, especialmente depois de uma chuva boa e rápida, quando a brisa do mar bota tudo nos eixos.

Guardo na memória várias dessas noites encantadas, vividas principalmente em pontos próximos à orla. No início dos anos 1980, uma parada no bar Zeppelin, no Vidigal, dava uma incrível sensação de independência. Lembro-me do lugar como cenário para um encontro no começo de um namoro, com beijos intermináveis, chope gelado, bolinhas de queijo e MPB ao violão. No Leblon, havia a paquera no Caneco 70. Depois, atravessar a rua, andar na areia, encostar na trave de vôlei ainda sem iluminação olhando nos olhos dela e sentindo a maresia no rosto. Naquelas noites quentes, bastava o cheiro das amendoeiras e o barulho do mar batendo nas pedras para transformar um simples passeio de mãos dadas pelo paredão da Urca em um momento ímpar. O próprio clima convidava aos passeios. Melhor ainda se eles acontecessem no calçadão do Leme (também sem iluminação) depois de uma pizza na Fiorentina, caminhar com a namorada, tendo o barulho das ondas quebrando na escuridão do mar como trilha sonora.

E com certeza foi numa dessas noites de verão que experimentei as primeiras caipirinhas no Pot, em São Conrado, bairro cujo nome era capaz de provocar calafrios nas mães por ser caminho para a Barra da Tijuca, território ainda virgem – como as meninas – e conhecido por abrigar uma série de motéis. Mais perto de casa, na praia Vermelha, havia toda tranquilidade para namorar até tarde. E nesse caso, havia bem menos resistência por parte das mães. Depois, matava-se a fome com o famoso cachorro quente do Geneal. E ainda havia a opção das idas noturnas ao Tivoli Park, o famoso e único parque de diversões, na beira da Lagoa, quando a gente comia pipoca olhando para o Cristo e tentando adivinhar se ia dar praia no dia seguinte.

Noites do verão carioca de ontem e hoje.

A energia da estação permanece no ar. Os beijos, os passeios de mãos dadas, os olhares intensos, os amassos, o tesão dos corpos queimados são os mesmos.

E não importa a idade. Continuo certo de que não há estação melhor no Rio.

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