Desde que tive idade para ir ao colégio sozinho e, consequentemente, ao Maracanã, minha mãe começou a repetir a mesma frase: “Não fale com estranhos e cuidado com pessoas sozinhas.” E assim prosseguiu, quando eu ia à praia, ao cinema, aos bares. Acho que se estivesse viva, continuaria a dizer a mesma coisa. O que ela não sabia é que escolhi fazer muitas dessas atividades desacompanhado não por falta de opção, mas em 99% dos casos por gosto. Faço minhas observações mentais, chego em casa, escrevo, sem ter a obrigação de dividir minha opinião sobre o jogo de futebol com ninguém, nem ter a obrigação de comentar se a cerveja está gelada ou se o filme é mesmo bom. Não, não é uma doença. É uma característica que deveria ser respeitada, especialmente pelos garçons.
A opção pela solidão é pessoal. Nos dias de hoje, com o avanço das comunicações pela internet, existe essa sensação de que estamos conectados uns aos outros o tempo inteiro. As fotos nas redes costumam mostrar as pessoas em bando compartilhando o churrasco, o bar, a praia, a festa. Não se vê ninguém num sábado à noite numa imagem com a legenda: “Curtindo a night, na minha”. Acredito que a presença de um indivíduo sozinho continua a causar o mesmo estranhamento que produzia na minha mãe, principalmente se ele estiver numa fila de cinema ou de teatro. Outro dia, um amigo me perguntou como consigo estar sempre bronzeado. Respondi com calma que ia à praia sozinho. Ele me olhou como se eu estivesse completamente maluco. Não consigo compreender o problema. Observo as pessoas. Leio um jornal ou um livro. Tomo uma cerveja e vou embora.
Não se trata de buscar o isolamento, no meu caso. Adoro estar com minhas filhas. Também gosto de rir, de falar bobagens, de falar alto. Mas também gosto de saborear meu sorvete sem dizer nada, à minha maneira. Rio sozinho. Chego a conclusões. Formo minha opinião sem incomodar e sem ser incomodado. Não, não chego ao ponto de fazer perguntas e respondê-las em voz alta. Isso sim seria um problema.
Às vezes passo até por mal-educado, principalmente quando pego um taxi e não demonstro interesse em comentar política ou futebol, dois assuntos que adoro mas que, neste momento, me dão asco.
Não vamos estender demais essa conversa. Para quem não sente o mesmo prazer em estar apenas com a própria companhia, tudo isso pode parecer mesmo conversa de maluco. Encerro com um incidente recente. Enquanto eu tomava água de coco num quiosque da orla, uma senhora me pediu informações. Respondi com educação. Enquanto se afastava, ouvi que comentava com uma amiga: “Nossa! Tão educado e tão sozinho. Deve ter algum problema.”
Problema nenhum, minha senhora. Mas minha mãe provavelmente lhe daria razão.
Olha, bom dia pra todos… em relação a solidão, não só compartilho com os comentários acima, como hoje em dia, tenho até medo de encontrar alguém, e vir a viver com essa pessoa, tanto que aprendi a gostar de mim mesma. Tenho medo de ser incomodada nesse meu novo universo… Mas ao mesmo tempo, encontro-me aqui, contando um pouco da minha estória, sendo assim preciso ainda e sempre de alguém, pra ouvir, pra me ler…
Como disseram se não consegue ficar sozinho com alguém, nem pensar.
Mauro,muito bom o texto. Mas, apesar que estar sozinho em muitas situações é bom, porém vejo que no caso preciso de também de uma companhia que eu me identifico, pois ao longo da minha vida sempre “estive sozinho de uma maneira ou de outra”. Então, acredito que no meu caso é muito relativo. Mas de qualquer forma vale o velho ditado: Antes só do que mal acompanhado. Abraço. Olha, postei o seu texto no meu blog, faça uma visita – http://www.blogdochaddad.blogspot.com
Bom dia José Carlos, obrigado pelo elogio. Vale o velho ditado mesmo, tem razão. Já passei no seu blog, e vou começar a frequentar. Obrigado mais uma vez.
Perfeito. Desde sempre, sou assim. E não me incomodo de ir ao shopping, praia, caminhada ou tomar um capuccino sozinha. Gosto de observar lugares e pessoas, fazer meus horários. Amo minha família e me sinto muitíssimo bem com os filhos e com o marido. Mas preciso do meu espaço. Adorei seu texto, me identifiquei com ele.
Muito obrigado pelos elogios. Realmente algumas coisas têm que serem feitas sozinhas, se que magoem os demais. Obrigado.
Sempre que digo aos outros, que minha melhor companhia sou eu, as pessoas me olham com um olhar estranho….cresci ouvindo minha mãe dizendo que não sabe viver sózinha, que a solidão é triste…e quem olha pra ela com o olhar estranho sou eu! Adoro ficar só, curto os meus momentos, mas não sou anti-social! Convivo com minha família, gosto dos amigos, mas não abro mão de grandes momentos comigo mesma, me permitindo ser muito feliz com minha companhia!
Acho que a grande resposta a isso tudo é que somos resolvidos como somos, não buscamos nada em ninguém, e sim a tranquilidade de pode ficar sozinhos em vários momentos. Obrigado por ler.
É o que mais ouvimos quando queremos estar só. Que estamos em depressão e na verdade estamos tão bem a nossa companhia é a melhor que se pode ter. Muito difícil quem para pra olhar pra si com mais profundidade,. Ó timo texto.
Muito obrigado pelo elogio, e concordo com o foto de que estar quieto não é sinônimo de tristeza e sim a maneira como se está naquele momento.
Gostei demais desse texto, gostoso de ler e principalmente por passar a ideia de que pessoas com essa característica não são mal amadas ou que tem algum problema. Sim, pessoas com essa característica somos privilegiados, de certa maneira, por gostarmos da nossa própria companhia. Parabéns! Vou aguardar a versão desse texto do ponto de vista feminino. Novamente parabéns!
Obrigado pelos parabéns, pode aguardar a versão feminina que já está no forno.
uma preciosidade teu texto, agradável, gostoso e me vi sendo descrita nele, pois essa sou eu e o melhor de tudo sou feliz, não sou de outro mundo, para mim de outro mundo são os outros, rsrs… amei
Muito obrigado por todos os elogios e espero continuar agradando nos próximos que estão por vir. E seja feliz sempre.
Quem escreveu esse texto?
Eu escrevi o texto. Muito prazer, Mauro Giorgi.
Em outras palavras, o autêntico “lobo solitário”. Parabéns pelo texto.
Obrigado!
Com certeza você deve ser uma ótima companhia !!
Obrigado pelo elogio e por ler os textos e confesso que me esforço para ser uma boa companhia.
Muito bom, disse tudo.
Eu curto ser assim, sou feliz assim.
Olá!!! Também curto bastante ficar na minha. Me identifiquei com seu texto.
Vivo cercada de pessoas e muitas vezes me sinto sozinha, as vezes estou sozinha e nao sinto nenhuma solidao… seu texto é bastante interessante!!!
Eu também adorei! Eu acho que isso é algo que somente os solitários entendem!
Obrigada, Carla!
Maravilhoso o texto, gostoso de se lê, felicidade é isso estar bem, parabens.
Muito obrigada pela delicadeza, Juliana!
Nossa adorei!!!! As vezes penso q sou de outro planeta pois penso exatamente assim,gosto de ter meus momentos comigo mesma,mas ouço muito isso “nossa vc é tão maneira e vive sozinha”. E dai gente? rsrsrsr.
O melhor da vida é se sentir bem na própria pele, Eliana, e fazer escolhas pautadas pelos nossos desejos e não pelos nossos medos. 🙂
Adorei! É como minha vida! As pessoas não entendem, mas é muito bom curtir a vida sem ninguém te desviando do teu auto conhecimento.
Verdade, Illa. Fico feliz que você tenha se identificado com o texto.
Eu amei esse texto e eu também passo por problemática por ser sozinha demais.
http://heytutty.blogspot.com.br
Oi Tutty, muito obrigada pelo comentário. Fique de olho, nos próximos dias vamos publicar uma versão desse texto do ponto de vista feminino. Apareça!
Pela primeira vez na vida tive a experiência de viajar sozinha. Minha melhor viagem, sentindo-me absolutamente livre para tudo, sem pressão.
Horário… eu fazia o meu! Passeios… a escolha era minha! Contemplar arquitetura, detalhes e pessoas, revendo pontos turísticos com outro olhar, outra curiosidade. Concertos em igrejas, balé, ópera… opções do momento e tão gratificantes.
Saborear um lanche em parques e praças frequentadas por moradores, observando bebês, crianças, jovens, idosos, familias inteiras curtindo o dia sem pressa.,
Não ter que explicar ou comentar nada com ninguém.
Solidão ?
Não !
Momentos mágicos partilhados comigo mesma.
Com certeza repetirá esses momentos na sua própria cidade ou em outras viagens. Conseguir estar bem consigo, quer dizer “obrigado ao mundo”.