A pesquisa Focus já estabeleceu projeção da inflação próxima ou acima do teto máximo da meta de 6,5% para o IPCA de 2014. Além dos juros o Banco Central se concentra no controle cambial para vencer pelo menos uma das batalhas contra a inflação. Abriram mão das contas externas cuja deterioração é mais lenta e tem pouco apelo eleitoral. Não há nenhum equilíbrio na atual política econômica.
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De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina), a maior utilização da energia termoelétrica não preservou reservatórios de água. Além da situação hidrológica, há de se repensar todo o setor de energia do país. Ainda serão gastos bilhões para adequá-lo e projetá-lo para os próximos trinta anos. A presidente Dilma, quando ministra das Minas e Energia, desarrumou de tal forma o setor com seu plano que estamos em situação de emergência pelos próximos três anos, mesmo que chova acima da média nesse período.
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Pela convergência de projeções de bancos, fundações de pesquisa e analistas nacionais e estrangeiros para o PIB deste e do próximo ano, há de se ter uma importante mudança de parâmetros na política econômica para tirar o país da média de crescimento de 2% aa observado desde 2011. Os candidatos à presidência precisam trazer propostas reais e críveis. As tradicionais promessas de incentivo à indústria e financiamento público à agricultura não mudarão nada, nem na opinião dos eleitores, nem na economia real.
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A vocação de exportador de matérias-primas agrícolas e minerais é inegável. No entanto o preço dessas mercadorias é sujeito a ciclos completamente fora de qualquer controle, e muitas vezes altas e baixas podem ser aleatórias. Assim para que as nossas contas externas passem a ser saudáveis, é necessário um novo ciclo de investimentos industriais, privilegiando a produtividade e a melhora do nível do operariado nacional. Isso traria também seriedade e investimentos diretos que fariam do país uma plataforma mundial de semimanufaturados e, posteriormente, em dez anos de manufaturados, em um processo semelhante ao ocorrido na Coreia do Sul.
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Ninguém consegue prever o futuro do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Muito menos quanto ao risco embutido nos investimentos, e o que os investidores estão propensos a correr, permanecendo lá ou transferindo para outros países, também de risco, como o Brasil. A taxa de juros vigente no país hoje atrai parte dos recursos que saíram da Rússia e que aliviaram o ano de 2014, mas esses recursos não têm garantia de permanência em 2015, qualquer que seja o resultado eleitoral. Este capital corre atrás de rentabilidade de curto prazo. Assim um agravamento da situação levará ao conhecido flight to security ou flight to quality levando recursos para os Estados Unidos. Um recrudescimento da situação faria com que voltassem para a Europa. Assim em 2015 poderemos ver exposição forte das nossas contas externas à crítica de todos, até das agências de classificação de risco que se debruçarão sobre os resultados eleitorais.