O atual síndico (governo) do acionista controlador (Tesouro Nacional) da Petrobras é incompetente.
Na tentativa frustrada de controlar a inflação, ele impõe reajustes insuficientes para manter a empresa com indicadores econômico-financeiros de qualidade e cumprir o fortíssimo programa de investimentos imposto pela diretoria e conselho de administração, nomeados por ele mesmo.
Durante quatro anos, a empresa subsidiou a gasolina e o óleo diesel causando, segundo analistas financeiros nacionais e internacionais, entre dezesseis e dezenove bilhões de dólares de redução “proposital” de seu caixa. O governo, mesmo atuando como síndico, com todos os poderes a ele concedidos, não tem o direito de impor essas perdas aos acionistas e, na última instância, a toda a população, proprietária da empresa.
Mas como essa discussão seria eterna enquanto durasse esse governo, vamos a mais um ato de incompetência e irresponsabilidade. Foram autorizados reajustes de 3% e 5% para a gasolina e diesel, respectivamente, o que acarretará entre 2,5% e 3,5% de aumento na bomba para o consumidor conforme a distância entre as cidades e as refinarias mais próximas, no caso da gasolina, e de 4% a 5,5% no caso do diesel, de acordo com economistas que acompanham a trajetória da inflação. É óbvio que esse reajuste é insuficiente. Mas a incompetência na gestão econômica faz com que o governo tenha que sacrificar uma parte em detrimento da outra, e assim ele tenta tirar “o seu da reta” devido ao exíguo espaço que tem para permanecer no teto da banda permitido para a inflação. Isto é, esse reajuste manterá a inflação de 2014 muito próxima a 6,5% e se diluirá ao longo de 2015.
E a Petrobras, perguntaria um ingênuo acionista, como fica? Ora, que se vire! responderia um importante estrategista político…
Pois bem a maior empresa do país não conseguirá reduzir seu endividamento, hoje em níveis acima do desejado, reafirmado diversas vezes pela sua diretoria, nem conseguirá manter o nível dos investimentos se não for por aumento deste mesmo endividamento, e aí chegamos a um impasse. A saída seria um aumento de produção, prometido e não cumprido de 2010 a 2013, e que corre risco de também não acontecer em 2014. Mas se formos otimistas como pede a mandatária reeleita, e a produção crescer os 7% prometidos para 2014, aí será tarde demais, o preço do barril de petróleo recuou cerca de 30% em dez meses. E agora é que vemos a falta de capacidade de gestão do atual governo, recentemente reeleito.
Como o preço do barril de petróleo recuou demais e as condições macroeconômicas e de produção da commodity no mundo não apontam para uma recuperação do preço antes de seis meses, isso foi usado como fator para não elevar demais o preço interno pois não há mais defasagem em relação ao preço de importação. No entanto o câmbio que anda dando seus saltos manterá a defasagem, e o problema cambial foi causado pelo governo pela má gestão das contas públicas internas e nas contas externas. Ou seja, anteriormente a empresa tinha uma perda de caixa por defasagem de preço. Agora ela acontece por defasagem cambial.
E os investimentos? insistiria o inocente acionista. Bem, a empresa terá que achar uma solução. A pressão do atual síndico será grande para que esses se mantenham pois está em jogo o crescimento do PIB e a indústria do petróleo é fundamental; está em jogo o crescimento da produção do pré sal pois os royalties estão comprometidos com promessas de campanhas eleitorais; e é importante mostrar independência do imbróglio todo dos escândalos de corrupção que assolam a empresa e demorarão pelo menos mais um ano para se solucionarem. Mas as agências de classificação de risco podem criar “problemas” com as sucessivas promessas da empresa de reduzir endividamento sem cumpri-las. E aí alguém terá que tomar uma decisão: reduzir investimentos ou “brigar” de maneira inglória por novos reajustes.
Como investidor, a empresa é olhada com espaço para seus preços subirem pois está sendo alvo de especulações há meses. Como possível acionista, eu daria preferência a outra empresa, menos turbulenta, com maior capacidade de gestão e com um acionista controlador competente.