Quem se habilita?

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quem se habilita I

Conforme se aproxima o final do ano e nenhuma medida concreta para reativar a economia é tomada, seja por incompetência ou por inércia, já podemos concluir que 2015 já está comprometido em termos de crescimento e em relação aos demais números e indicadores econômicos.

Esperava-se para esse ano a chamada “tempestade perfeita” e o governo andou comentando, através de seu ministro da Guido Mantega, que os que previram o pior erraram. Não sou meteorologista, mas acho que a tal tempestade está nos contornando. Não foi embora e ganhando intensidade, o que é pior.

No campo da economia, o atual governo já demonstrou que sofre de dois males: diagnósticos péssimos e a certeza de que está sempre com a razão.  Por isso, o ano que vem pode ser também muito ruim, não importando quem esteja no comando. Além do baixo crescimento em 2014 – até mesmo nulo – soma-se inflação na linha de cima da tolerância e taxa de juros alta que afeta muito o desempenho das empresas. Eis o primeiro nó para ser desatado. A taxa de juros não está inibindo a inflação, mas o crescimento econômico. O tempero é a total falta de confiança dos agentes econômicos no governo.

A acomodação do desempenho da economia chinesa, o crescimento moderado dos países desenvolvidos e a consequente queda dos preços das commodities industriais e do petróleo se somarão ao péssimo desempenho  de importantes parceiros de comércio exterior nacional e à grande safra agrícola no mundo, fazendo com que nossa balança comercial, maior fonte de recursos para combater o déficit de transações correntes, seja em 2014 perto de dois bilhões de dólares e em 2015 não chegue a oito bilhões. Aí está o segundo nó a ser desatado. As previsões são de que teremos pelo terceiro ano consecutivo déficit de transações correntes próximo a 3,6% do PIB, sendo coberto somente em 75% por entrada de investimentos estrangeiros voluntários. Isto é, o país precisa captar poupança externa para se financiar.

A economia americana ainda não está em crescimento constante, os indicadores começam a convergir para uma real melhora, mas o programa de injeção de recursos nos mercados financeiros acaba em outubro e a partir daí começa uma contagem regressiva para o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos e consequente elevação do grau de risco das economias emergentes que começarão a perder atrativos. Nó que nos afetará diretamente e que só poderemos torcer para que demore a acontecer.

As contas públicas estão em estado lastimável. O superávit primário prometido de 1,8% do PIB não se concretizará. O atual governo “raspou” o Fundo Soberano, criado para momentos de crise e utilizado para tapar buracos, para tentar compensar a queda de receitas, “sangrou” as estatais com dividendos que reduzem a capacidade de investimentos destas, e só resta para ele a esperança do leilão da banda 4G da telefonia na próxima semana. Sendo assim, as agências de classificação de risco podem nos colocar na berlinda. Ou melhor, a Fitch, que nos colocou em viés negativo, pode antecipar a perda de um degrau, como já ocorreu com a S&P em março, na época espezinhada pelo atual e futuro ex-ministro Mantega.

Para 2015, podemos colocar no caldeirão outros nós, como um valor de aproximadamente sete bilhões de reais destinados para o setor de energia elétrica, o problema dos reajustes de combustíveis que reduz a cada trimestre o resultado da Petrobrás e o problema cambial, que atua como atenuante na inflação, mas anula ainda mais a indústria e a balança comercial.

A tempestade pode até não ser perfeita, mas raios, trovões e muitos problemas virão, com certeza.

Quem se habilita a navegar nesta ressaca?

 

 

 

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