Risco calculado

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O que é melhor: ser sócio ou ser credor? O que você acha mais seguro: ser credor de um banco ou sócio de um empresário? Existe alguma lei que garante que o governo sempre pagará a dívida pública? Não há respostas diretas, concretas ou até justas para tais perguntas, mas com certeza podem ser importantes quando a maioria dos investidores não hesita em colocar suas economias em renda fixa e se arrepia quando ouve falar em ações.

Fomos colonizados por povo latino, de forte tradição estatal. Recebemos influências de outros povos latinos, com a mesma tradição, logo não imaginamos que também há vida para os investidores em ações.

Somos por característica desconfiados e descrentes, capazes de comprar dólar no mercado paralelo, mas recusar a ideia de se associar a alguém que não conhecemos bem, mesmo que esse alguém tenha excelentes qualidades e uma ótima reputação como administrador. Ao mesmo tempo, admitimos correr mais risco quando há uma chance de “se dar bem” e deixamos o “devagar e sempre” em segundo plano.

Tudo isso junto e misturado nos faz uma das dez maiores economias do mundo com um dos mercados de ações mais fraco. E segue outra pergunta, por quê?

O que sei é que a grande maioria das empresas de capital aberto, negociadas em bolsa, é seria e busca o melhor para o acionista minoritário. Sei que a BMF/BOVESPA se preocupa em garantir as melhores práticas de negociação. Mas também sei que a CVM luta por melhores condições para exercer suas funções e ainda assim deixa escapar acontecimentos como o empresário Eike Baptista e seu império X. Se bem que, nesse caso,  pouquíssimos tiveram dúvidas diante de tanto dinheiro recebido do BNDES. Temos condições sim de ter um bom mercado de ações. O que nos falta é conhecimento.

Usar suas economias para se tornar credor de alguém tem menos risco sim, mas limita os ganhos. Quem sabe não seria melhor participar de algo que poderia ter um ganho melhor mesmo com um pouco de risco. Entenda-se risco como algo calculado. Ninguém quer a empresa que descobrirá a cura para todos os males, mas uma que tenha um ganho anual sólido e com constante crescimento. Sim, elas existem e são muitas.

O investidor brasileiro precisa se atualizar, se informar e crescer. Ser eterno credor do governo, ser eterno dono de caderneta de poupança e reclamar de seus parcos ganhos, não é o caminho para uma aposentadoria um pouco melhor. É preciso se mexer e conhecer o que se pode fazer com o dinheiro.

Mercado de Ações I

Quando você se torna sócio, existem duas possibilidades de ganho. A primeira bem conhecida — e que muitas vezes responde injustamente pela má fama — é através da valorização das ações no mercado, isto é, a subida da cotação. Isso acontece quanto mais notícias positivas sobre a empresa e o setor ocorrerem. A segunda, menos valorizada pela nossa ininterrupta vontade de olhar tudo com olhos de curto prazo, é a distribuição de parte dos lucros da empresa, os dividendos. As duas coisas somadas normalmente superam a taxa de juros vigente no país, é claro, se ela não for exorbitante. No nosso atual caso, a taxa de juros é alta, mas longe de inibir o investimento em ações.

Por fim, é claro que entendo que existem pessoas com compromisso, pessoas avessas e aquelas que simplesmente não têm confiança. Para essas é sempre melhor algo seguro, mesmo que com ganho potencialmente menor.  De qualquer jeito, convido que olhem seus investimentos de uma forma diferente e pensem que pode haver boas coisas do outro lado, do lado que não estamos acostumados.

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