Um dia desses, eu tomava um café de máquina com minha melhor amiga (que também é a melhor editora que existe e a melhor companhia do mundo), num posto de gasolina na esquina de uma rua que faz a ligação entre as praias de Ipanema e de Copacabana. De repente, ela me perguntou com um ar meio debochado: “E aí. Já descobriu que o Posto 6 é o centro do mundo?” Na hora não soube como responder. Disse apenas que achava o bairro legal.
Para quem não mora no Rio, devo explicar que o Posto 6 é basicamente o final de Copacabana e a divisa com Ipanema, uma região de contornos meio imprecisos. Nem seus habitantes são completamente coerentes em relação a sua localização geográfica. Numa mesma quadra, você pode ouvir que está em Copacabana, Ipanema ou no Posto 6. Nem o IPTU consegue ser taxativo. É um lugar tranquilo, com pouco trânsito, fartura de ônibus a qualquer hora, na vizinhança do simpático Carlos Drummond de Andrade e do compositor Dorival Caymmi (que considero chatinho), ambos ex-residentes do bairro, e forçando uma barra, ainda há a presença de um juvenil Antônio Carlos Jobim, no caminho para o Arpoador.
Nos últimos três meses, passei temporadas em lugares diferentes da cidade, todos legais: a Urca, o Jardim Botânico, a Glória, a Lapa e agora o Posto 6. Da minha janela vejo o forte de Copacabana, principal local para a prática de stand up paddle na cidade. Encontrei a melhor padaria do bairro, onde já me conhecem pelo nome e frequento um supermercado Zona Sul onde procuram para mim a Coca Zero mais gelada do freezer, coisa que deixa a gente se sentindo bem. Na farmácia próxima, local mais frequentado por mim no momento, a conversa já inclui até comentários sobre o clima.
Pois é, não é que o Posto 6 é mesmo o centro do mundo? Sou forçado a concordar com a amiga. O que acontece é que me sinto acolhido pelas pessoas à minha volta e, todos sabem, que acolhe aceita você com as virtudes e os defeitos no mesmo pacote. Deixei a Urca da minha infância e adolescência, passei uma semana de juventude no Jardim Botânico, um carnaval animado na Glória, novas experiências na Lapa, mas no final das contas sinto-me acolhido por outros solitários do Posto 6, que se cumprimentam de manhã, que falam com os cachorros uns dos outros, brincam com o resultado do futebol e já me perguntam se vou a pé até o Leblon e se espantam com a resposta.
Olha só. Não tenho nada contra todos os lugares por onde passei nos últimos meses, mas agora afirmo categoricamente: o Posto 6 é mesmo o centro do mundo.
Só não vale avisar ao Barack, ao Putin, ao pessoal do U2, senão não acaba mais aquele negócio de foto com Drummond, Caymmi e Jobim. A galera já está famosa demais e a fila para selfies, enorme.
E também não vou revelar qual é a melhor padaria e a melhor farmácia. Senão acabo perdendo a preferência.
Muito obrigado! Venha nos visitar sempre.
Muito bom