Sempre admirei as pessoas que dedicam suas vidas aos estudos, ao aprofundamento do conhecimento humano, qualquer que seja ele. Dito isso, a mim parece haver certos exageros nos temas das pesquisas. Ou seria abundância de crédito para financiar o que há de mais estapafúrdio? Refiro-me a uma pesquisa feita pela Universidade de Toronto que chegou à conclusão de que a frequência ideal para garantir a felicidade conjugal seria sexo uma vez por semana. Esse resultado foi obtido com a participação de 30 mil casais americanos ao longo de quatro décadas. Mais do que uma vez por semana, não há nenhum benefício.
Aqui com meus botões, cheguei sozinho a duas conclusões. Em primeiro lugar, tenho imensas dúvidas sobre a validade desse estudo em termos científicos. Em segundo lugar, se existe ciência, creio que estou condenado a ser infeliz pelo resto da vida. Sou da geração que chegou à adolescência nos anos 1970 bombardeada pelo slogan “Faça amor, não faça guerra”. A pesquisa também conclui que quando entram na equação do casal o fator filhos, além de uma vida estressante (quem não tem?), a obrigação de manter relações também atrapalha. Nesse caso, devemos concluir como são geniais os chineses e sua política do filho único (agora posta em questão). Descobriram bem antes do ocidente as vantagens do autocontrole enquanto o ocidente se exaure com o mal estar de querer fazer sexo mais de uma vez por semana.
Outra instituição conceituada, a universidade de Carnegie Mellon, propôs a um grupo de casais que dobrasse a frequência da vida sexual para aferir o efeito sobre o bem estar. Aparentemente, a mudança não alterou em nada a felicidade (ou infelicidade) dos entrevistados. Essas observações que vi em coluna escrita por Daniela Mediavilla em 18 de novembro no El País (versão nacional do jornal espanhol), ainda relaciona este estudo sobre sexo a um trabalhão do Premio Nobel de Economia Daniel Kahemann. Ele concluiu que a soma de 60 mil euros por ano em salário seria o número exato de renda para a felicidade de um casal. Isto demonstraria que sexo e dinheiro têm limites. Ou seja, não valeria a máxima de quanto mais, melhor. E é nesse momento em que me sinto pronto para ostentar uma camisa de força, numa solitária, sendo alimentado por um prato colocado por compartimento debaixo da porta.
Os estudos de Toronto, conduzidos pela professora Dra Amy Muise, admitem não ter uma explicação para a frequência cabalística de uma vez por semana como garantia de felicidade para uma relação amorosa. Logo a minha observação inicial de que há dinheiro farto para pesquisas tolas é procedente. Minha curiosidade é saber o que, afinal de contas, aqueles casais costumavam fazer nas outras seis noites da semana.