Amar é difícil pra caramba!
E ao longo da vida, amamos muitas vezes.
Tudo começa com aqueles amores eternos da adolescência. Tive um, é claro, encerrado com um fora inesperado. Depois passei pelas idas e vindas do primeiro namoro mais sério, descobrindo que fazer as pazes depois de uma briga pode ter um gosto especial. Houve daqueles romances totalmente passionais, em fases de muita pressão como a época do vestibular, que provocavam lágrimas em volume suficiente para resolver a transposição do Rio São Francisco a cada rompimento ou a cada volta. E se o objeto da minha paixão já vivia seu amor impossível por outra pessoa, talvez alguém mais velho, para superar o sofrimento da rejeição, eu decidia então ser de todas.
A história se repete com quase todo mundo. São amores ótimos e ao mesmo tempo péssimos. São experiências necessárias, parte de um aprendizado e, se não forem vividas, farão falta no futuro. Ou pior, poderão acontecer em uma idade pouco condizente, digamos assim. As traições e dores-de-cotovelo fazem parte do currículo. De minha parte posso declarar que a traição me incomoda até hoje, e que a dor-de-cotovelo não recebeu esse nome à toa.
Quando se percebe que a vida é mais do que estudar e se divertir, e começa a ralação para se firmar como profissional, como pessoa física ou jurídica e ainda alcançar outras metas, o amor sonhado ganha novos contornos: companheirismo, ajuda e, é claro, prazer. Vive-se o auge do vigor físico. Pode ser um momento de instabilidade: há muitas escolhas a fazer e às vezes o coração se engana. O bom é que, na próxima, ele pode acertar.
Conforme o tempo passa, a convivência e o amor precisam de ajustes e não vamos discutir aqui os efeitos da passagem do tempo, do envelhecimento as sempre mencionadas interferências de filhos – vamos combinar que esse quesito pode ser totalmente evitado — ou ainda a família, porque ela sempre existiu e se não fosse por ela ninguém estaria por aqui. Os desgastes do cotidiano podem trazer à tona uma enorme gama de frustrações, descontentamentos que deveriam ser resolvidos de imediato. Pode ser muito alto o preço que se pega quando se protela o enfrentamento dessas dificuldades, quando se adia o trabalho necessário para se viver o amor em todo seu potencial.
As famosas DRs são importantes nesses momentos de ajustes, de definir caminhos que podem ser seguidos por ambos, e sobre a visão do que é estar juntos.
A meia-idade é assim mesmo, mais ou menos. E como somos todos singulares, alguns têm mais do mais ou menos do menos, e todas as demais combinações possíveis, como teria me ensinado minha professora de matemática do Andrews, a Rosemarie (que é como Minas Gerais, quem a conheceu não se esquece jamais!).
Mas o amor na maturidade tem suas peculiaridades, tanto na atitude ou na acomodação, e isso só reforça a primeira coisa que eu disse: amar é difícil pra caramba. Em nenhum momento se aprende a perceber com facilidade se o sentimento é o mesmo, se existe reciprocidade. A dúvida traz qual bifurcação de estrada sem sinalização a certeza de que dá trabalho manter ou perder o amor.
Praticamente impossível estar apaixonado e não incorrer em afirmações piegas, bregas, chantagistas ou até melodramáticas:
Amar não é só ter as boas lembranças da juventude.
Amar é achar a maturidade bonita, serena, e ver a beleza nos olhos.
Amar não é só ir ao cinema juntos.
Amar é conversar sobre o livro que leem.
Amar não é só ter o tesão dos corpos queimados do verão.
Amar é saber os movimentos de cada um, e recriá-los de novo no inverno, e sem dúvida na primavera e no outono.
Amar não é escutar as músicas “da moda” com a turma.
Amar é escutar e dançar tudo; rir muito com “…meu iáiá, meu iôiô…”
Amar é ter DR séria, que chega a algum lugar.
Amar é aproveitar momentos de solidão para pensar em como renovar o amor.
Amar é deixar que o sentimento tome conta de tudo, mesmo sendo um pouco ridículo.
Amar é entender que é um sentimento que deve ser levado a sério.
Amar não é só dizer “…eu te amo…”
Amar é olhar e não precisar dizer nada.
Gostei mto do texto e me identifiquei tbm,oque amei de verdade,mas não houve reciprocidade infelizmente!
Na próxima tenho certeza que haverá essa reciprocidade, de tempo ao tempo.
Simplesmente demais. Entre os textos mais ou menos, esse é um texto mais do mais. Tenho 25 anos e já passei por algumas dessas fases, com certeza as outras virão, ao menos é o meu desejo.
Que bom que existem textos “mais” e que você tenha gostado. Obrigado. Quantas as fases a gente vai passando muitas vezes sem perceber. Quando olhar para trás elas ficaram, e o que ficará de bom, só você poderá responder.
Estou boquiaberta. Custo a acreditar que algum dia leria sobre emoções, sentimentos, afetamentos…escritos por um homem de uma forma tão simples, sem rebuscamentos, sem preocupação em esconder-se. Menino, acho que em meus últimos dias descobrir seu blog foi o melhor achado. Desculpe-me se meus comentários parecem pieguice, não são, a efusão deve-se à surpresa.
Vc é muito gentil, Mariane. Agradeço por suas palavras.
Mauro
Amar é vida e ninguém nasce profissional, temos que passar por todas estas etapas que você menciona em seu texto, “me vi em algumas delas”. O amor é impossível de se definir até porque o ser humano é imperfeito e só podemos vivencia-lo na prática, o desafio está em saber amar e estar sempre buscando a sintonia entre as almas!!! bjss
PS: Adoro seus textos!!!
Adoro quando você fala assim. Esse é o seu lado que mais amo, quando fala de algo que você é especialista.
Que lindo texto! Não sou nada romântica, muito menos piegas, mas admiro!
Obrigado pelo elogio. Na verdade tudo que você leu e lerá no blog foram experiências, são opiniões e desejos.