Panela de pressão

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Pressão Econômica I

Por vontade própria e incompetência o governo se impôs pressão muito grande em 2014. Quando ainda desfrutava o auge de sua popularidade e surfava no consumo da classe média recém-criada, candidatou-se e conquistou o direito de sediar a próxima Copa do Mundo. Hoje em dia, alguns anos depois, temos protestos, nenhum legado em termos de obras públicas, estádios que não terão público após o evento e todos os orçamentos estourados. Sobrou para a Seleção Brasileira salvar a pátria.

Por ganância, incompetência e falta de planejamento, o país está com sua credibilidade em jogo neste ano nas contas públicas e externas. Não faltou iniciativa em fevereiro: com discurso a favor do mercado financeiro e prometendo muito, a presidente Dilma tentou impressionar a comunidade econômica no Fórum de Davos; o Banco Central manteve trajetória de alta dos juros, mas já acena com menos aperto em função das eleições; o ministro Mantega anunciou intenção de superávit primário de 1,9% do PIB e procura agradar o mercado financeiro e frear possíveis análises negativas das agências de classificação de risco.

As reações foram de descrédito quanto ao discurso da presidente e uma impressão de que o governo tenta agradar mas não se empenha no cumprimento das promessas. O BC na ata da última reunião do COPOM continua a afirmar que a inflação segue resistente e que o ciclo de alta ainda permanecerá. Por que então reduziu o ritmo de alta dos juros? Pressão eleitoral? Estou pagando para ver. Ao ler todas as colocações sobre o superávit primário de 1,9% para 2014, vieram as dúvidas sobre a redução do déficit da previdência (com metas que já foram descumpridas em janeiro), o corte de despesas que já não iriam existir, pois não aconteceram em 2013 e estavam no orçamento por obra dos parlamentares. Nunca na história deste país houve corte efetivo de custos em ano eleitoral.

Pressão Econômica III

Muita pressão para o desgastado, atarefado e atarantado ministro Mantega.

Janeiro ficou fora da média da meta para o superávit anual. Assim, em fevereiro o governo adiantou-se e transferiu dois bilhões de reais em dividendos do BNDES para o Tesouro Nacional, prevendo algum tropeço também no segundo mês do ano. A energia elétrica será um problema muito grande. A seca extraordinária, o planejamento inadequado, e problemas remanescentes da canetada de redução das tarifas em 2012 podem impor despesas de dezoito bilhões de reais para evitar o aumento das tarifas de energia elétrica em 2014. No ano passado, dispenderam-se nove bilhões de reais. O aumento das tarifas para a população é ruim em ano eleitoral e pode estourar o teto do programa de metas de inflação, o que seria outro desastre econômico-eleitoral.

Muita pressão para o desgastado, atarefado e atarantado ministro Mantega.

As contas externas tiveram um comportamento ruim em 2013, chegando a déficit de 3,7% do PIB. Muitos economistas ainda se colocaram de maneira otimista dizendo que o país conseguiria se financiar. Entramos em 2014 com problemas e projeções ruins, apesar dos esforços do governo em medidas para estancar alguns “ralos”, principalmente relativos aos gastos de turistas brasileiros no exterior. Tiveram um êxito mínimo em janeiro. Mas há o seguinte problema: a política externa do governo desde 2002 tem dado peso a relações políticas, diplomáticas e comerciais com parceiros na América do Sul. Desde 2008, com a crise mundial, foram muitos os conselhos para que ocorressem mudanças nesse relacionamento no âmbito econômico. Ninguém deu ouvidos. Assim poderemos ter problemas sérios na balança comercial de 2014, com perdas calculadas pelo setor privado, principalmente automobilístico, em dois bilhões de dólares principalmente pelos problemas da Argentina. A balança comercial no primeiro bimestre está deficitária em 6,2 bilhões de dólares mesmo com a alta do dólar em relação ao mesmo período de 2013. Ainda sobre a balança comercial, a necessidade de manutenção das usinas termoelétricas em funcionamento durante todo o ano, inclusive aquelas movidas a óleo diesel que em 2013 não foram acionadas, elevará o déficit na conta de exportação e importação de petróleo e seus derivados trazendo também mais furos ao caixa da Petrobras.

Muita pressão para o desgastado, atarefado e atarantado ministro Mantega.

Finalmente o PIB! O ano de 2013 terminou melhor que o esperado pelos economistas e analistas econômicos, e muito pior que a projeção inicial do governo de crescer 3,5%, mas foi comemorado, não sei muito bem por quê.

Em termos estatísticos o quarto trimestre de 2013 pode “ajudar” o primeiro de 2014, mas não vi grandes alterações nas projeções para este ano. Havia uma convergência para 1,6% de crescimento, agora aproxima-se de 1,8%. O governo reza muito para repetir os 2,3%.

Resta torcer para que as coisas melhorem, mas a premência em se obter resultados a curto prazo, em função das eleições, pode colocar muita coisa a perder em 2015.

Muita pressão para o desgastado, atarefado e atarantado ministro Mantega.

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