A Petrobras segue sua campanha para levantar recursos para o robusto programa de investimentos de 226,5 bilhões de dólares para o período 2014-2018. Hoje, captou um total de 8,5 bilhões, diante de uma demanda que chegou a vinte bilhões.
A despeito de seu elevadíssimo grau de endividamento (em 2013, foi apontada pela Merryl Lynch como a mais endividada do mundo entre as companhias abertas), a estatal recebeu ofertas que corresponderam a mais do dobro do valor pretendido. Em maio de 2013, a Petrobras havia feito a maior captação da história entre as latino-americanas — onze bilhões de dólares — e em janeiro último captou 3,8 bilhões.
O que preocupa os analistas e os economistas que acompanham o setor de petróleo e gás no mundo é que vem crescendo o custo de captação, ao mesmo tempo em que há uma expressiva redução no prazo de pagamento. Em janeiro passado, empresa pagou 0,5pp a mais que em 2012 (última captação em euros) e o prazo médio caiu de nove para seis anos. Hoje, a empresa pagou 0,75 pp a mais nas captações mais curtas e 0,85pp nas mais longas. O prazo médio caiu de dez anos para 8,5 anos. A maior pressão no endividamento da empresa é dada pelos títulos de três anos que aumentaram sua presença, correspondendo a 4,5 bilhões de dólares dos 8,5 bilhões levantados. Na última captação em dólar, de onze bilhões, cinco bi foram em prazo de três anos.
Infelizmente, não está claro o que de fato será direcionado para investimentos e o que servirá para recomposição de caixa para a empresa, cada vez mais pressionada pela defasagem de preços da gasolina e do óleo diesel no mercado interno que consome, em relação ao mercado externo de onde se compram os combustíveis. A empresa afirma que sua produção aumentará em 2014, mas se crescer menos de 7,5% ainda será inferior aos padrões de 2011.
A Petrobras briga com todas as armas que conhece e possui, mas a ingerência do governo federal limita seu campo de manobra. Um reflexo disso é a cotação das ações em Bolsa, que sofreu um recuo de aproximadamente 14% só em 2014.
As perspectivas de curto prazo ainda são ruins. No médio prazo, é uma incógnita. E o longo prazo? Ah, o futuro a Deus pertence!