Não era o que eu queria, mas era o que precisava acontecer. Afastar-me sutilmente e fazê-la acreditar que partira de você a separação foi a maneira de te magoar menos. Pareço arrogante, eu sei. Aliás, você me disse isso diversas vezes. Por trás disso, o que existe é um medo muito grande de ficar sozinho e outro, maior ainda, de achar que estou prendendo alguém junto a mim. É uma covardia de minha parte, sair de um relacionamento sem dar grandes explicações, e costuma me cobrar um preço bem alto. Você não foi a primeira a me deixar, mas espero que tenha sido a última. Não, não pretendo mudar, ser alguém que não consigo ser. Está na hora de deixar de sofrer. Se eu voltar a sofrer que seja pelo menos por outro motivo. Distanciar-se deliberadamente de alguém tão importante e especial, seja lá por qual motivo for, é doloroso de todas as formas.
Por muito tempo, continuarei a pensar em você como alguém com quem poderia ter, pelo menos, conservado algum tipo de afinidade. Aparentemente, não sou muito bom em manter laços. Sei destruir relacionamentos como poucos. O que sobra é terra arrasada, pontes destruídas, impossibilitando qualquer tipo de retorno. Você tem razão num ponto: sou arrogante e soberbo na minha vontade de permanecer sozinho como se nada fosse bom o bastante. Mas por trás disso, há uma carência imensa e medo de não ser aceito. Imaturidade é outra etiqueta que trago colada na testa. Em minha defesa, só posso dizer que talvez seja um jeito de tentar preservar certos sentimentos depois de percorrer tanta estrada que acabou em penhasco.
Fique certa de uma coisa. De tudo o que passamos, há mais coisas boas do que ruins para serem lembradas e isso fará toda diferença no futuro. Eu a magoei. Espero que um dia aceite – não é preciso entender – que agi da melhor forma que encontrei.
Não sei o que vou pensar sobre tudo isso no futuro. Não vou me culpar. As atitudes levam em consideração o presente e o que ele nos apresenta.
Não fugi do sentimento que tenho por você, e sim das consequências dele.
Sei que sou covarde.
