Ela estava deitada com a cabeça no meu colo, quieta havia uns quinze minutos, o que me permitira embalar na leitura de um livro.
Fez uma pergunta de repente:
— O que você mais gosta em mim?
— Como assim?
— Sem tempo pra pensar. Você é mestre em ganhar tempo quando não tem resposta!
— Desde sempre, desde que te conheci, é sua inteligência. Mas não nego que você é linda e gostosa.
Ela me olhou com uma mistura de menina travessa e mulher que pede carinho. Meus olhos se encheram d’água. Que medo!
— Quando não gostar mais de mim, você vai me dizer?
— Vou. Mas por que isso agora, vindo do nada?
— Bateu medo de te perder, de ser magoada, de sofrer.
— Mas isso eu também tenho.
— Você não precisa ter, vou te amar pra sempre.
— Isso não existe…
Ela me olhou de novo como se indagasse o por quê daquela afirmação, mas mantinha um jeito tranquilo.
Voltei a sentir medo. O que falei veio de dentro. Nunca gostei que ninguém fizesse nada contra a vontade, ainda mais em relação a mim. Mas eu tinha sim, e muito, medo de perdê-la e percebi que eu a perdera ali, naquela frase.
Enquanto pensava nisso tudo, ganhei um beijo inesperado, daqueles que ficam mais gostosos ainda depois de ver o sorriso dela.
— Me conta o que você está lendo tão sério, com essa cara de bravinho?
— É sobre uma menina que se apaixona pela pessoa errada e não sabe se desvencilhar do compromisso do coração.
— Nossa… E como ela resolve o problema?
— Um dia ela vai embora, sem avisar.
Menti de propósito, para ver sua reação. Não queria dizer, mas o meu medo tinha crescido de tal forma que acabar com tudo, naquele momento, seria retirar o peso do universo de cima de mim.
— Não é assim que se faz. A conversa dolorida, franca e sincera liberta os sentimentos, mesmos aqueles que tememos.
— Foi por isso que me apaixonei por você, inteligente e corajosa.
Ela sorriu e perguntou se podia dormir ali, no meu colo.
No dia seguinte, bem cedo, logo depois do amanhecer, juntei minhas coisas, como diz a música, meus discos e livros e nada mais. Fui embora antes que ela acordasse.
No bilhete que deixei, só havia uma frase.
“Não tenho coragem de ouvir que você vai embora”
Republicou isso em in my own defense.
Republicou isso em Linhas Traçadas…Imagens…Um pouco de Mim…e comentado:
Como disse Arnaldo Jabor, na Vida e no Amor não temos garantias.Então, é viver o que tem que ser vivido sem medo!
“Na vida e no amor, não temos garantias. Portanto, não procure por elas. Viva o que tem que ser vivido. Sem medos . O medo é um dos piores inimigos do amor e da felicidade.” – (Arnaldo Jabor)-
Desculpe a demora na resposta, as vezes ainda me perco por aqui. O tal do medo é complicado para mim.
Obrigado!