Isso pode?

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 LinkedIn 0 Email -- 0 Flares ×

Isso Pode

Desde a Grécia clássica, os governantes têm usado as conquistas esportivas como um recurso para enaltecer suas gestões, mesmo quando nunca praticaram sequer porrinha ou campeonato de par ou ímpar. O fiasco mais retumbante dos tempos modernos foi nas Olimpíadas de Berlim, em 1936,  pouco antes da Segunda guerra Mundial, quando Hitler se negou a entregar a medalha ao velocista negro americano Jesse Owens. No campo das iniciativas bem-sucedidas, tivemos a Copa do Mundo comprada pela ditadura argentina em 1978. Política e esporte voltaram a se misturar de forma óbvia nas Olimpíadas de 1980, em Moscou, com o boicote dos Estados Unidos, e em seguida em 1984, em Los Angeles, quando os soviéticos responderam na mesma moeda.

No Brasil é a mesma coisa. Tivemos fracasso em 1950 e depois sucesso em 1958 e 1962, repetido em 1970, com grande repercussão positiva e negativa. Em 1994 e 2002, não chegamos a sentir grandes reflexos diretos. A Copa de 2014, no Brasil, começou com polêmica. Depois de uma cerimônia chinfrim patrocinada pela Fifa, ouviu-se uma vaia estrondosa e expressão chula dirigida à presidente Dilma Rousseff.

Não devia haver tanta surpresa em relação à manifestação, principalmente para quem está acostumado a frequentar estádios de futebol. Como já dizia Nelson Rodrigues, “no Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e, se quiserem acreditar, vaia-se até mulher nua.” Como todos sabem, o ex-presidente Lula foi vaiado na abertura dos Jogos Panamericanos de 2007 e a própria presidente Dilma também foi alvo de apupos na Copa das Confederações em 2013.

Dessa vez, porém, a expressão chula utilizada pela massa mereceu execração geral. Para mim, essa reação não passa de pura hipocrisia! Está longe de ter sido a primeira vez que isso aconteceu. No Rock’n Rio de 2013, Dinho Ouro Preto, da banda Capital Inicial, puxou coro igual para o ex presidente José Sarney, isso pode? E recentemente, há três semanas em São Paulo, a banda Rappa, durante a Virada Cultural, puxou o mesmo coro para a presidente Dilma. Pergunto a você, caro leitor, isso pode? Não me lembro de ter lido tantas críticas.

Tem mais. Prometer e não cumprir. Isso pode? Discurso mentiroso na TV em cadeia nacional às vésperas da Copa. Isso pode? A resposta desaprovadora viria em qualquer lugar, e não apenas em São Paulo. E fica mais uma pergunta: O berço do PT é São Bernardo do Campo, que faz parte da Grande São Paulo, e o partido já governou a capital por duas vezes, com duas mulheres, Luiza Erundina e Martha Suplicy, e governa agora com Fernando Haddad, com péssimos índices de aprovação, então, todos se conhecem.

Está na hora de colocar um basta nessa briga digna de Big Brother da TV Globo entre ricos e pobres que o PT capitaneado pelo ex-presidente Lula insiste em fazer e o seus marqueteiros reforçam a cada dia. Amplia-se mais ainda um fosso imenso que já existe no país. Dizer que foi “a elite branca paulistana” que xingou a presidente é ridículo. Afirmar que pobres não a xingariam seria mais ridículo ainda. Bem, senhor Lula, os pobres xingam todos os dias nas feiras, mercados, hospitais, escolas, e quando não têm segurança. Como fariam com qualquer um que estivesse na presidência!

Enfim, da mesma forma que ninguém é contra a Petrobras e sim contra aqueles que a roubam, ninguém em sã consciência é contra a instituição da Presidência da República, ocupada no momento pela presidente Dilma, e que no passado recente chegou a ser ocupada por Sarney, a quem o PT xingava dia e noite e que agora é seu aliado, pelo Fernando Collor também xingado pelo PT que liderou com sucesso campanha para retirá-lo do poder, mas que agora também está entre os aliados e, finalmente, foi ocupada por Fernando Henrique Cardoso, xingado pelo PT até hoje, e que se mantém nas fileiras dos inimigos do partido.

Em suma, usar eventos esportivos para conquistar dividendos eleitorais é aposta arriscada. Já cansou o confronto entre ricos x pobres. E que tal parar com a história de “coitadinho, perseguido e xingado”? Tem gente que espera até hoje promessas que começaram com Dom Pedro I e que ainda não se concretizaram. A bem da verdade, vamos combinar, nem a incompetência é monopólio do PT.

 

0 Flares Twitter 0 Facebook 0 Google+ 0 LinkedIn 0 Email -- 0 Flares ×

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *