Meia-maratona, desafio integral

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Meia maratona I

Aos 37 anos, concluí a corrida São Paulo Classic, de 10 K, com um tempo médio de 5:30 min/km, treinando sozinho e fiquei muito satisfeito com a performance. Mas já devia ser a vigésima prova de que participava com essa distância. Eu queria algo mais. Mirava as meias-maratonas. No início dos anos 1990, as corridas de 21 k ainda não eram tantas. Havia poucas opções: duas por ano em São Paulo, uma no Rio e mais uma ou duas pelo Brasil. Além disso, havia o desafio de correr o dobro do que estava acostumado: seriam duas horas ininterruptas! Decidi estrear na distância na meia-maratona de São Paulo, com trajeto feio mas que atravessava por vários lugares familiares como o campus da USP. Eu já havia feito corridas por lá, como a própria São Paulo Classic, e seria meu local de treino aos sábados, seguindo meu planejamento.

Procurei material para ler, fui atrás de algumas revistas para saber se haveria algum treino para amadores. Sabia que tinha uma boa base pois treinava com regularidade cerca de 9k em média quatro vezes por semana. Dava três voltas no trajeto principal do Parque do Ibirapuera.

Avisei alguns amigos que pretendia subir mais um degrau na escala dos amadores. De início, como sempre, muitos quiseram participar, mas no final éramos três treinando as distâncias mais longas aos sábados. Isso significava reduzir o ritmo das noites de sexta-feira. Digamos que essa parte não encontrou uma boa receptividade na minha casa, pois sempre saíamos para jantar com amigos. Não suspendi esses encontros, só manerei nos dry martinis… Tinha quatro meses para me preparar e achei que seria tempo suficiente. Estabeleci que queria manter uma média de 6:00 min/km e chegar de uma maneira “digna”. Segui em 80% uma planilha da Runner’s World para quem já tinha alguma experiência.

Na véspera da corrida, eu mesmo preparei a famosa macarronada, enquanto minhas filhas perguntavam se eu ganharia a corrida. Com número preso na camiseta, chequei a previsão do tempo. Sentia-me um atleta olímpico próximo ao desafio máximo da vida.

Foi difícil dormir de noite. Pulei da cama às 6h, me preparei com bom café da manhã, e fiquei esperando os outros dois “corajosos”. Minha filha mais velha acordou e me deu um beijo de “boa sorte”.

Manhã de temperatura agradável, aquele céu meio encoberto típico da cidade, e segundo a organização uns 3,5 mil corredores, saudados pelos alto-falantes da organização como sendo um dos maiores números de participantes dos últimos anos.

A prova foi dentro do desejado. Eu sabia que estava bem. Meu medo era por nunca ter passado tanto tempo correndo. Eu me espantei com a tranquilidade com que o corpo respondia e a euforia com que a cabeça acompanhava. Os amigos, no mesmo ritmo que eu, se sentiam bem. Fomos passando as marcas com tempos abaixo do esperado.

A sensação de que um trabalho de meses dava certo e de que estava ali pelo simples prazer de fazer algo para mim, algo de que eu gostava muito, transformou aquela primeira meia-maratona em algo inesquecível. Vencer um desafio físico, perto dos 40 anos, me fez sentir que talvez o ditado “A vida começa aos 40” talvez fizesse mesmo algum sentido.

Faltando alguns dias para a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro, que corri três vezes, me dá uma saudade enorme da prova e da distância que descobri ser a melhor de todas: nem tão pouco quanto os 10 k, nem demais quanto os 42 k.

Aos que vão participar, meus melhores votos de boa sorte. Espero que aproveitem o visual e terminem inteiros. Afinal somos todos amadores e isso significa que amamos o que fazemos. Não estamos aí para ganhar de ninguém além de nós mesmos.

 

 

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2 comentários

  • A Meia Maratona do Rio tem como brinde um visual lindíssimo e rende fotos sensacionais. Não vou correr mas estarei na Av. Atlântica clicando a prova. Uma boa corrida e que os deuses da velocidade estejam com você. Abraços.

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