A intolerância avança

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Indignação I

O ódio está no ar, transmitido em rede nacional pela televisão, disseminado por imagens em tempo real na internet, acirrado pelas discussões nas redes sociais. Na semana passada, em 48 horas, assistimos a dois episódios deploráveis de intolerância e preconceito. O primeiro, quando uma menina negra postou uma fotografia ao lado do namorado, um rapaz branco. Receberam mais de mil mensagens ofensivas. O segundo, capturado ao vivo pelas câmeras de televisão, ocorreu durante o jogo Grêmio x Santos, em Porto Alegre, vencido pelo time paulista. Aranha, o goleiro dessa equipe, foi chamado de “macaco” pela torcida da casa, e a TV mostrou em close o rosto de várias dessas pessoas que gritavam.

O que precisa ser feito nesses dois casos, eu me pergunto. É necessário que se apliquem as leis imediatamente, e de forma rigorosa. Mas um amigo com quem eu comentava o caso argumentou com propriedade:

— Imagina só: em caso de homicídio com assassino confesso já há demora, quanto mais em casos de discriminação que todo mundo sabe que acontecem diariamente!

Infelizmente, ele tem razão, mas continuo a acreditar que é importante que se faça muito barulho para não encorajar a repetição de episódios como esse.

A intolerância, como não podia deixar de ser, respinga forte na campanha presidencial. A candidata Marina Silva reconhecidamente tem uma religião, assim como outros tantos milhões de brasileiros. Porém, de uma hora para outra, sua fé se transformou em uma questão eleitoral. “Ela é evangélica!”, proclamam analistas, opositores e partidários, como se fosse em si uma característica positiva ou negativa. As crenças da candidata não deveriam ser, em princípio, debatidas como um ponto crucial. Dados bem mais fundamentais como o caráter e suas habilidades independem da opção religiosa.

Mas o ódio está no ar. E os episódios se sucedem.

Uma professora, em Ribeirão Preto, foi apartar uma briga na sala de aula entre três adolescentes em que dois deles (um menino e uma menina) batiam em outra menina. Ela apanhou! O que isto quer dizer? Eu não consigo explicar porque foge completamente a tudo que aprendi. Aparentemente, não há mais espaço algum para conversa, para ponderação.

As mídias sociais mostram brigas diárias e com ofensas desnecessárias. Viraram uma arena pública onde centenas de pessoas opinam e reforçam linchamentos virtuais sobre os mais variados temas, e não apenas política e futebol. Vale tudo. Do talento ou falta de talento de determinado artista ou apresentador de TV ao suposto excesso de peso de personalidades. O que antes era uma inocente disputa entre fãs das preferidas do radio, Marlene e Emilinha Borba, nas décadas de 1940 e 1950 se transformou agora em “barracos” em que famosos, subfamosos e candidatos a subfamosos trocam ofensas e xingamentos pessoais e profissionais, sem nenhuma vergonha, pudor ou respeito.

O que é isso tudo? Não sei!

É assim no mundo todo? Não sei!

Como parar isso? Não sei!

O que posso fazer? A minha parte: manter-me calmo, praticar a civilidade, mesmo que, muitas vezes, isso me pareça ser difícil pra caramba! Indignação I

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Sem comentários

  • Sinto uma compulsão em te responder no momento em que leio o teu Post. Mas, igual a você, também não sei o que se deve fazer. Não tem tribunais, punições ou cadeias suficientes para diminuir essa violência de forma relevante. Tenho agido como você. Faço a minha parte, trato os amigos com carinho e torço e rezo para que o mundo tenha um pouco menos de desequilíbrio emocional….. Também não sei muito o que dizer diante de tudo isso aí!!!

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