Inflação, déficit público, déficit de contas externas, saldo comercial, política industrial e participação do estado na economia, temas que parecem ter saído da campanha eleitoral para presidência em 1994, voltaram à pauta vinte anos depois. De novo não! Tudo isso deveria fazer parte do passado e dar lugar a discussões sobre o aprimoramento de políticas sociais, industriais e alternativas de energia, como acontece em países que há vinte anos se encontravam numa situação semelhante à nossa. Problemas sempre hão de existir, mas as soluções deveriam ser correções de rumo e não reconstruir do zero!
Nossos políticos não se contentam em lidar com os altos e baixos dos ciclos econômicos, então criam eles mesmos seus problemas a despeito de dezenas de avisos, alertas e conselhos. Sejam da oposição, de assessores ou de técnicos fora política. Em economia, isto tem sido uma constante no Brasil. Sem querer recuar muito no tempo, mas já recuando, o governo Geisel não deu bola para a crise do petróleo, o governo Itamar abriu demais a economia sem ajustar a nossa indústria, e no segundo governo Lula, o tripé macroeconômico que sustentava a economia foi desmontado por um projeto de poder que incentivava o consumo de classes mais baixas. Isto me parece uma teimosia recorrente de vários governantes e de suas equipes econômicas, que muitas vezes complicam e destroem o que está feito com uma irresponsabilidade digna de adolescente que gasta a mesada no primeiro sábado do mês.
O cheque em branco dado pelos eleitores em 2010 para Dilma Rousseff, uma candidata sem a menor experiência executiva mas com aval do ex-presidente Lula se revelou um erro, assim como ocorreu com Fleury em relação a Quércia, e Pitta em relação a Maluf, ou outros casos menos notórios.
A atual presidente com soberba, e sem observar diversos sinais de desempenho e de falta de confiança, levou a economia a uma desarrumação que será custosa em todos os sentidos ao país.
As pesquisas demonstram um cansaço em relação á polarização de vinte anos entre PT e PSDB, mas infelizmente o eleitor brasileiro demonstra uma tendência a buscar salvadores da pátria e não quem trabalha. Assim vejo com enorme desconfiança discursos que não dizem o que realmente pretendem e promessas que não especificam como podem ser realizadas. Lançam-se números que não condizem com o orçamento de 2015, a ser feito no atual governo; apresentam-se projetos que demoram dois a três anos de implantação e mais cinco ou seis de execução sem a menor vergonha acadêmica; prometem-se soluções que não dão resultado em menos de dezoito meses. É preciso que alguém aponte esses erros nos debates, nas entrevistas. É preciso alguém que traduza para a linguagem simples o que realmente vai acontecer nos próximos 24 meses após 1º de janeiro de 2015. Pois sonhos não se tornam realidade pela simples vontade de cada um ou de todos.
Os debates presidenciais recentes me remetem ao personagem de Chico Anysio, Walfrido Canavieira, prefeito de Chico City: “Palavras são palavras nada mais do que palavras”, e a turba ensandecida e ignorante, continua a aplaudir.
As campanhas são uma piada de mau gosto. As “promessas” são as mesmas desde que eu posso me lembrar! Eles não tem nem vergonha…
E infelizmente não vejo mudanças para o futuro.